Gabriela Doria - 09/12/2020 16h14 | atualizado em 09/12/2020 16h15

O Ministério Público do Rio Grande do Sul iniciou uma ação civil pública exigindo indenização de R$ 200 mil ao apresentador David Coimbra e à Rádio Gaúcha, do Grupo RBS, afiliada da Rede Globo no estado. A ação judicial foi motivada por comentários feitos durante o programa Timeline sobre o assalto a uma agência bancária na cidade de Criciúma, em Santa Catarina, no início do mês.

A apresentadora Kelly Mattos também fez observações sobre o crime, mas não foi acionada judicialmente.

Na ocasião, a dupla comentava sobre o roubo a banco que levou terror aos moradores da pequena cidade. Coimbra comparou a ação com os tantos outros pequenos assaltos que ocorrem diariamente pela cidade. Para ele, a única diferença foi que os assaltantes de banco foram mais “respeitosos” com as vítimas e agiram com “lógica” em suas ações.

– Estavam contando ontem que eles [os criminosos] chegaram em um dos funcionários do banco e perguntaram: ‘Quanto tu ganha?’. Aí o cara disse, sei lá, dois mil, três mil reais. E eles falaram: ‘Tá vendo só? É por isso que estamos assaltando. Não estamos tirando dinheiro de ninguém, é dinheiro do banco’ – disse David.

Em seguida, ele completou, afirmando que havia uma “filosofia” na ação.

– É verdade que teve um policial que levou tiro, um vigilante também, mas se não tivesse intervenção, tudo teria decorrido numa boa. […] São bons assaltantes. Dão uns tiros, é verdade, têm bombas. Mas fazem aquilo só para pegar o banco, a instituição, entendeu? – questionou.

Coimbra frisou ainda que “não estava defendendo” a ação criminosa, mas sim mandando um recado para os ladrões de banco do país, para serem “respeitosos” como os assaltantes de Criciúma.

Kelly, por sua vez, encerrou o assunto citando uma frase do filme Assalto ao Banco Central.

– Tem um personagem que diz assim: ‘Crime não é roubar o banco, é fundar o banco’ – lembrou.

Para o promotor de Justiça Voltaire de Freitas Michel, os apresentadores tiverem a intenção de “enaltecer a prática criminosa supostamente sem agressão aos cidadãos”. Além disso, Freitas acredita que eles quiseram “desmerecer a ação dos policiais militares que intervieram para impedir maiores danos à pessoa e ao patrimônio”.

Caso a emissora seja condenada a indenizar o estado, o valor será revertido para o Fundo de Reparação dos Bens Lesados do Rio Grande do Sul ou para entidade pública ou privada que atua na segurança pública.

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