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Advogada diz que ex-diretor da Globo foi violento com atrizes

Marcius Melhem é alvo de denúncias de assédio sexual e moral

Ana Luiza Menezes - 25/10/2020 10h50 | atualizado em 25/10/2020 10h53

Marcius Melhem Foto: Reprodução/Facebook

A advogada criminalista Mayra Cotta deu declarações a respeito das denúncias contra o ex-diretor da TV Globo, Marcius Melhem, acusado de assédio sexual e moral.

Marcius foi desligado da Globo em agosto, após ser acusado de assédio sexual por Dani Calabresa. Segundo relato de Cotta, ele teria sido abusivo e violento com outras atrizes. As informações são da jornalista e colunista da Folha de S.Paulo, Mônica Bergamo.

Na emissora, um grupo de 12 pessoas foi formado contra Marcius. A advogada explicou que fala em nome de seis vítimas de assédio sexual e seis testemunhas. Ela disse ainda que, no grupo, há também vítimas de assédio moral.

– E há um grupo de apoio a elas, de mais de 30 pessoas. (…) As vítimas e as testemunhas que eu represento depuseram no processo de compliance [aberto pela TV Globo para apurar denúncias contra o ex-diretor]. O processo foi encerrado e elas estavam sem saber muito bem como se organizar para que essa história tivesse um desfecho que reconhecesse tudo o que elas passaram e toda a gravidade do comportamento que o Marcius Melhem teve enquanto ele foi chefe. (…) É um grupo que se juntou por solidariedade às vítimas. Por saber como a situação era grave, como o Marcius Melhem foi um chefe que atuou de forma muito violenta com várias atrizes. Que assediou moralmente também outros funcionários. São mais de 30 pessoas que apoiam ou que foram testemunhas dos casos de assédio. Do grupo fazem parte homens também, que acreditam nelas, que estão sendo muito firmes nessa luta.

A advogada detalhou a conduta de Melhem. Ela disse que ele se valer da posição de chefe para constranger as vítimas.

– Houve um comportamento recorrente, de trancar mulheres em espaços e as tentar agarrar, contra a vontade delas. De insistir e ficar mandando mensagem inclusive de teor sexual para mulheres que ele decidia se iam ser escaladas ou não para trabalhar, se ia ter cena ou não para elas [nos programas de humor]. De prejudicar as carreiras de mulheres que o rejeitaram. De ficar obcecado, perseguindo mesmo. Foi um constrangimento sistemático e insistente, muito recorrente. Antes de trabalhar com assédio sexual, eu trabalhava com violência doméstica na Universidade de Brasília, de onde eu sou. E percebi, na descrição dos casos [que envolvem Marcius Melhem], como um chefe assediador é semelhante a um marido abusador. Ele isolava as atrizes, tinha o poder de não as deixar ir para outros lugares [na emissora], fazer outras coisas. E criava um ambiente de trabalho tóxico. As pessoas se sentiam presas, sem conseguir se livrar daquilo. Ele usava situações de trabalho para as tentar agarrar à força, inclusive usando violência.

Sobre o tipo de violência, ela afirmou que o ex-diretor chegou a agarrar as vítimas.

– Agarrar, as colocar contra a parede, tentar beijar à força. Isso é bastante violento. (…) Foram casos de assédio sexual mesmo. De mulheres falando não, não quero, me solta, não vou beijar, não vou ficar com você. E ele tentando, agarrando. Não tem zona cinzenta, isso é violência. E aí tem algo muito sério: ele era chefe delas. Ele tinha uma posição de poder – contou.

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