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“Cancelamento é a guilhotina do século 21”, compara Léo Lins

Comediante criticou o cerceamento à liberdade de expressão de humoristas

Pleno.News - 04/04/2023 11h45 | atualizado em 04/04/2023 12h15

Léo Lins Foto: AgNews

Alvo de diversos processos em razão de suas piadas, o humorista Léo Lins criticou a cultura do cancelamento, descrita por ele como a “guilhotina do século 21”. Para o comediante, os chamados canceladores são os novos “inquisidores” e seus objetivos são tentar “acabar com a vida de uma pessoa” por meio da “tortura digital”.

Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, Léo Lins defendeu que “o humor não tem limites”, mas o o ambiente em que ele é feito sim.

– Todas as polêmicas que já me envolvi são por piadas contadas no palco. Não tem nada fora de um ambiente de humor. “Ah, mas você respondeu uma pessoa no seu perfil do Instagram”. Sim, meu perfil é cômico, é um perfil de humor. Não tem nada feito fora do ambiente de humor. Agora, fazer piadas na rua com as pessoas, não. Eu sou contra isso. Não acho que se deva fazer piadas com uma pessoa fora do ambiente apropriado para isso – avaliou.

Ele relatou que conhece diversos humoristas que cortaram falas de seus shows para não serem alvos de processos. Entretanto, Lins acredita que quanto mais comediantes adotarem tal postura, “o terreno para a piada vai ficar cada vez menor”.

– Diversos comediantes não passam por problemas agora porque tem outros que estão numa linha de frente, que estão sendo alvo do tiroteio. Mas se esses aí caírem, a perseguição vai passar para quem está na segunda linha. Se vários forem derrubados vai chegar uma hora que quem está lá atrás, tranquilo, que nunca teve problema nenhum, vai estar sendo o alvo. “Mas pô, estou fazendo piada de papagaio”. “Pois é, mas o Ibama está em cima, o papagaio é traficado e tal” – exemplificou.

“DISPUTA POR PODER”
Na visão do comediante, o cerceamento à liberdade de expressão dos humoristas não se trata apenas de prezar por um discurso “politicamente correto”, mas sim de uma “disputa por poder”.

– Cada grupo quer impor suas regras como sendo as dominantes para a sociedade. Hoje, artisticamente falando, temos uma hegemonia de esquerda. Para o próprio “politicamente correto”, eu digo que um termo mais apropriado seria “esquerdisticamente correto”, porque os temas que são considerados “incorretos” são aqueles que não estão na agenda da esquerda. Se eu quiser fazer uma piada satirizando Jesus Cristo não vai ter problema nenhum; vou ganhar especial nos streamings famosos, não vou ter problemas. Agora, se fizer uma piada que envolva a “gordofobia”, aí eu vou ser criticado e massacrado – pontuou.

Apesar disso, Léo Lins reconhece que existem piadas que são realmente preconceituosas e acredita que há movimentos de minorias que são necessários.

– O problema é quando parte para uma histeria e começam a reclamar de casos absurdos e querer que as pessoas percam tudo – argumentou.

CRÍTICA AO GOVERNO
O humorista expressou sua preocupação com a criação da Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), órgão da Advocacia-Geral da União (AGU) que foi apelidado como “Ministério da Verdade”, em referência ao livro de George Orwell, 1984.

Segundo o governo, o órgão se propõe a ser um “enfrentamento à desinformação” sobre o governo, mas vem provocando o temor de que seja praticada censura contra opositores.

– Eu acho que a longo prazo pode ser perigoso sim. Tem que acender um sinal de alerta agora para que 2024 não vire o nosso 1984 [livro que denuncia o totalitarismo e a vigilância estatal como método para controlar a sociedade]. Acho que independente do lado, o objetivo é o poder e cada grupo acaba querendo impor a sua regra, seu parâmetro como sendo o da sociedade. A questão agora é que uma agenda dita progressista vai avançar mais. É preciso ficar atento, por exemplo, com esse “Ministério da Verdade”. O governo vai julgar o que é falso e o que não é? Quem julga é o partido do presidente, ou um juiz que ele colocou lá? – questionou.

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