Jade Nunes - 02/01/2018 09h20 | atualizado em 02/01/2018 09h32

Uma casa em especial, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, chama a atenção. Com mais de 2000 peças, entre pinturas, esculturas, mobiliário e objetos de arte decorativa, a Casa Museu Eva Klabin possui um acervo que cobre quase 50 séculos de arte, do Egito Antigo ao Impressionismo. Roupas que pertenceram à colecionadora também ficam expostas, e fazem o visitante voltar aos anos 70 e 80.

Criado em 1990 pela mulher que lhe dá o nome, o museu foi aberto ao público em 1995. Décadas antes, em 1903, Eva nascia em São Paulo. Filha de italianos, seu pai foi um dos fundadores das indústrias de papel e celulose Klabin.

Do pai, ela também herdou o hábito de colecionadora. O resultado disso, foi uma vida dedicada a viagens e à arte. O curador do museu, Marcio Doctors, falou ao Pleno.News sobre a relevância da instituição:

– A Casa Museu Eva Klabin tem uma grande importância no contexto dos museus brasileiros. Primeiro, por ser uma das coleções mais importantes e abrangentes de arte clássica, cobrindo um arco de tempo de 4.000 anos de história da arte, que vinha da China Arcaica, Egito Antigo, Arte pré-colombiana, passando por Grécia e Roma, Arte Renascentista, Arte Flamenga e Holandesa do séc. 17, Inglesa do séc. 18 até o Impressionismo. Todo esse rico acervo reunido nos ambientes da Casa Museu, o que significa dizer, que além de visitar uma coleção fabulosa que faz um passeio pelos pontos altos da arte, o visitante tem a oportunidade de vê-la reunida numa residência que nos mostra um estilo de vida e uma forma de viver de um período da história social do Brasil.

Mas não é apenas os períodos antigos da história que o museu mostra. O Projeto Respiração, criado em 2004, veio para fazer uma ponte com os dias atuais. Apenas artistas contemporâneos são convidados a expor.

– As obras são pensadas especificamente para a Casa. São intervenções que podem abordar diferentes aspectos da coleção, da história da arte, da situação de ser uma casa e um museu, enfim, os artistas são selecionados a partir da nossa percepção de que serão capazes de estabelecer um novo olhar sobre essa atmosfera, capaz de desestabilizar essa situação de um legado que, de outra forma, poderia ser percebido como um tempo congelado ou parado no tempo. Por isso Respiração: para injetar oxigênio (vida) no museu – conta o curador.

E é exatamente para manter a vida na Casa, que a instituição tem os olhos no futuro. Em 2018 haverá uma programação intensa, parte dela voltada para as crianças, como revela Doctors.

– Sempre temos muitos planos. Costumo dizer que apesar da crise, as instituições culturais estão dando um exemplo de criatividade e se reinventando. Você já reparou que a atividade cultural está viva e resistente apesar de que a primeira coisa que se faz em qualquer situação de crise é tentar abafá-la? Portanto nós estamos cheios de planos. Em 2018, comemoraremos vinte anos de resistência da nossa série musical Concertos de Eva, que inovou introduzindo visita a um museu antes dos concertos musicais. Vamos ter uma intensa programação infantil. Hoje esse é o nosso público alvo. Em janeiro teremos uma intensa atividade artística: Férias no Museu. Cada dia da semana ofereceremos uma atividade diferente. Voltaremos com nossa série musical MPB Eva, com grandes nomes da música popular brasileira, aos sábados nos finais de tarde. E mais uma edição do Projeto Respiração, que será acompanhada ao longo do ano com encontros entre o público e os artistas que já participaram de edições anteriores. E vamos ter também um seminário importantíssimo sobre arte e meio ambiente em homenagem ao grande artista Krajcberg, falecido em 2017.

Os vários mundos que a Casa Museu Eva Klabin proporciona podem ser vistos em um tour virtual no site. Mas isso não substitui a experiência de visitar o local pessoalmente e olhar de perto cada detalhe das milhares de obras.

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