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Bancada do agronegócio pede anulação de 3 questões do Enem

Parlamentares apontam "cunho ideológico" em questões do exame

Pleno.News - 06/11/2023 18h36 | atualizado em 06/11/2023 19h26

Ministro da Educação, Camilo Santana durante coletiva ao lado do presidente Lula Foto: José Cruz/Agência Brasil

A bancada do agronegócio do Congresso Nacional desaprovou questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que, segundo os parlamentares, apresentam críticas ao setor com “cunho ideológico e sem critério científico e acadêmico”. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que possui 347 congressistas, quer que os itens sejam anulados e que o ministro da Educação, Camilo Santana, preste esclarecimentos em audiências na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

A bancada também pede a anulação de três questões do Enem, que foi aplicado em todo o país neste domingo (5). Um item tratou sobre fatores negativos do agronegócio no Cerrado, citando a “superexploração dos trabalhadores” e os efeitos de agrotóxicos.

As outras duas questões trataram sobre a nova corrida espacial financiada por bilionários e o avanço da produção de soja e a sua consequência para o desmatamento da Floresta Amazônica.

– É inacreditável o governo federal se utilizar de desinformação em prova aplicada para quase 4 milhões de alunos brasileiros que disputam uma vaga nas universidades do Brasil. A anulação das questões é indiscutível, de acordo com literaturas científicas sobre a atividade agropecuária no Brasil e no mundo, em respeito à academia científica brasileira – afirma a FPA em nota.

A FPA disse também que irá pedir informações sobre a atuação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que é a banca organizadora do Enem e pede que sejam “detalhadas as referências bibliográficas utilizadas para a construção do exame”.

– A ineficiência do Estado brasileiro está exposta. A vinculação de crimes a atividades legais no Brasil é um critério de retórica política para encobrir a ausência do Estado no desenvolvimento de políticas públicas eficientes e de combate a ilegalidades. Não permitiremos que a desinformação seja propagada de forma criminosa entre nossa sociedade, como foi feito durante os anos anteriores do governo atual – complementa a bancada do agro.

Em nota, o Inep afirmou que as questões do Enem são elaboradas por professores independentes, selecionados por um edital público para colaboradores do Banco Nacional de Itens (BNI).

– O Inep não interfere nas ações dos colaboradores selecionados para compor o Banco. O processo envolve as etapas de elaboração e revisão pedagógica dos itens, além de validação pelo trabalho de uma comissão assessora – disse o Instituto.

DEPUTADOS DA OPOSIÇÃO CRITICAM QUESTÕES
Parlamentares da oposição ao governo Lula usaram as redes sociais para criticar as questões do Enem. O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR) afirmou que aguarda uma manifestação do Planalto e do ministro da Educação sobre “a falta de honestidade intelectual e ativismo ideológico”.

Citando a nota da FPA, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) acusou o governo de utilizar o exame para fazer “doutrinação ideológica e ao mesmo tempo atacar o agronegócio”. Já o deputado Tião Medeiros (PP-PR) afirmou que as questões do Enem teriam colocado o agronegócio “contra a juventude do país”.

O deputado José Medeiros (PL-MT) afirmou que a questão que apresenta os efeitos do agronegócio no Cerrado “demoniza” o setor e mostraria que o Planalto “quer vingança”.

Outros deputados que criticaram a questão sobre o Cerrado foram Bia Kicis (PL-DF) e Nikolas Ferreira (PL-MG). Kicis disse que o governo utilizou ideologicamente o espaço no Exame Nacional do Ensino Médio para a desinformação.

Já Nikolas afirmou que o item “ataca o agro brasileiro, seus trabalhadores e produtores”. O deputado também disse que entrou em contato com Lupion para protocolar uma convocação de Camilo Santana ao Congresso.

*AE

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