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Educadora: ‘Pandemia privou crianças de troca de experiências’

Educadora parental afirma que necessidades emocionais foram comprometidas

Camille Dornelles - 23/07/2020 11h57 | atualizado em 24/07/2020 16h10

Telma Abrahão é educadora parental e se dedica à educação de pais e crianças Foto: Divulgação

Nesta semana, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, revelou que as escolas particulares poderão retomar as aulas em agosto, mas que as públicas só voltarão em 2021. Com quase cinco meses fora do ambiente escolar, educadores se preocupam com os impactos emocionais e sociais que serão deixados pela pandemia.

Ao Pleno.News, a educadora parental Telma Abrahão falou sobre como a educação dos filhos em casa durante esse período pode impactar o aprendizado e a sociabilidade.

O que a permanência em casa pode acarretar na sociabilidade infantil?
São tempos incertos, nunca vividos antes em nossa sociedade, mas seres humanos nascem ávidos por conexão e pertencimento, duas necessidades emocionais básicas que estão seriamente comprometidas nesse momento de pandemia. Quando as crianças possuem essas necessidades atendidas, especialmente dentro do núcleo familiar e na escola, o aprendizado acontece naturalmente e com muito mais leveza.

A aproximação com os pais não pode suprir a de outras crianças e professores?
Com o distanciamento social, as crianças estão privadas de trocas de experiências com os amigos, com os professores e tendo que aprender em casa, um ambiente que, na maioria da vezes, não está preparado para o aprendizado e, além disso, os pais não possuem a expertise de um professor para lidarem com os desafios apresentados pelas crianças.

Quando as crianças possuem essas necessidades atendidas, o aprendizado acontece naturalmente

Qual deve ser o papel dos pais na formação do caráter da criança?
Na minha visão, o papel na formação do caráter de um indivíduo começa em casa, com o modelo familiar e através do ambiente fornecido pelos pais. Os pais não devem delegar a educação e a formação de valores de seus filhos para a escola. Infelizmente, atualmente, vemos muitos pais delegando a educação dos seus filhos a terceiros e as consequências dessa atitude podem trazer muitos problemas comportamentais para as crianças.

Como exercer bem esta missão?
Exige tempo, paciência e dedicação. Exige autoconhecimento para lidar com as próprias dores sem transmiti-las aos filhos. Exige consciência para aceitar que precisamos nos reeducar primeiro antes de estarmos preparados para educar uma criança da forma que ela merece. Sim, o desafio é grande. Precisamos aprender a ter mais equilíbrio, a andar no caminho do meio, sem extremos e sem deixar marcas negativas e difíceis de serem apagadas lá na frente. É preciso estudar para ser pai e mãe. É preciso evoluir, questionar os padrões aprendidos. É preciso compreender sobre as próprias limitações emocionais. A caminhada para essa transformação é longa, mas toda grande jornada começa com um primeiro passo.

Educadora ensina pais e responsáveis a educarem filhos da melhor maneira Foto: Divulgação

E o papel da escola?
O papel da escola é desenvolver o intelecto, oferecer atividades e conhecimentos necessários ao aprendizado infantil e, principalmente, proporcionar um ambiente propício para desenvolver habilidades de socialização, de conviver com a diversidade e ensinar o prazer de aprender.

Além dos problemas para a sociabilidade das crianças, o impacto acadêmico também é discutido. Educadores, pais e responsáveis debatem se é possível cancelar o ano letivo de 2020. Uma campanha com a hashtag #CancelaOAnoLetivo2020 chegou a ser levantada no início de julho, impulsionada por estudantes que se sentem prejudicados pela falta das aulas.

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