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Após o ano letivo turbulento de 2020, muitas dúvidas surgiram sobre EAD e sobre como será o ensino em 2021

Pierre Borges - 30/12/2020 18h09 | atualizado em 30/12/2020 18h57

Ensino infantil não tem previsão de retorno às atividades presenciais Foto: Secom AM/Tácio Melo

Com as turbulências causadas pela pandemia no funcionamento de escolas durante 2020, muitas dúvidas surgiram sobre como será o ensino em 2021. No início de dezembro, por exemplo, uma pesquisa revelou que apenas 3% das 1,5 mil famílias brasileiras ouvidas pelo Ibope possuem filho que retornou à escola com alguma atividade presencial.

A coordenadora pedagógica que atua na rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, Karla Andrade informou ao Pleno.News que, mesmo após o retorno às aulas presenciais (apenas para o terceiro ano do Ensino Médio), alguns alunos não voltaram para a escola.

– O retorno [das atividades presenciais nas escolas] foi facultativo e sempre acompanhado pelo crescimento da doença em cada cidade. Alguns lugares, por conta da bandeira [classificação do nível das restrições devido à pandemia], [as atividades presenciais] nem chegaram a voltar. Em outros lugares, voltaram e, depois, com o aumento dos casos de Covid-19, foram suspensas novamente – afirma.

Segundo o diretor nacional da escola Minds idiomas, Augusto Jimenez, a idade adequada para exigir das crianças a maturidade necessária para adotar as normas de prevenção ao coronavírus ainda está em debate, o que dificulta o retorno às atividades presenciais em escolas.

– Ainda não há um consenso [sobre a partir] de qual idade a criança é mais madura, dependendo muito do nível de informação e [do] exemplo que elas recebem em casa. Crianças de 2 a 5 anos devem ser mantidas sobre constante supervisão pela escola – afirmou.

Psicólogo educacional Augusto Jimenez Foto: Divulgação

CONTROLE DOS PAIS
Considerando a alternativa do Ensino à Distância, novas dificuldades surgem, de novo, devido à maturidade das crianças. Augusto, que também é psicólogo educacional, ressalta a importância da criatividade para prender a atenção das crianças nesse tipo de atividade.

– Não tem uma idade mínima [para o EAD], as creches e escolas infantis têm mantido atividades com as crianças mesmo à distância. Aqui, na Minds, o ensino de inglês para os “Kids” começa com 9 anos. Utilizamos muitos recursos lúdicos para que os pequenos possam ter a melhor experiência do aprendizado remoto – destaca.

Augusto também chama atenção para a importância da supervisão presencial por parte de um responsável durante as aulas, visto que, em casa, muitas distrações que não estão presentes na escola podem dispersar a atenção das crianças do conteúdo da aula.

As crianças estão passando muito tempo ao computador

Outra problemática que surge com o Ensino à Distância é o excesso de exposição à tela, principalmente quando os hobbies das crianças e adolescentes também envolvem atividades online.

Sem dúvidas, as crianças estão passando muito tempo com o computador. Por isso, os responsáveis devem tentar incentivar os pequenos a [fazer] outras atividades, como jogos de tabuleiro, cozinhar ou participar das atividades domésticas, para que as crianças diminuam o tempo de exposição à tecnologia.

DIFICULDADES DE ACESSO
Dentro das classes menos abastadas, surge uma outra barreira que dificulta o Ensino à Distância. A coordenadora pedagógica Karla Andrade se viu em uma situação em que muitos estudantes sequer tinham acesso à internet banda larga.

– Muitos alunos são carentes, moram em comunidades, usavam os dados [móveis] do telefone e não conseguiam acessar [os materiais didáticos] com facilidade. Muitos conseguiram, mas muitos não tiveram sucesso e pediram ajuda à escola. A gente [se manteve] sempre em contato através de WhatsApp e e-mail, sempre pedindo ao aluno ou responsável [para], se possível, ir à escola, para pegar o material; e [para] os que não podiam pegar, a gente enviava [via correios] – explica.

A escola só é escola por ter alunos; se não, é apenas um espaço. São os alunos que nos movimentam.

Karla afirmou que o ano letivo foi concluído mediante a realização de aulas remotas e [de] atividades na plataforma disponibilizada pelo Estado. Além disso, apostilas físicas foram reutilizadas para reforço do ensino.

– A gente fez uma busca dos alunos que não estavam conseguindo acessar [as plataformas digitais], colocou cartazes ao redor da escola, pediu pra que algumas pessoas fossem lá procurar esses alunos, ligamos, insistimos através de WhatsApp. Isso tudo pra buscar esse aluno que tinha desistido – disse Karla.

Por fim, ela ressalta que, embora turbulento, o ano foi de aprendizado para os profissionais.

– Foi um ano não esperado, mas com muita aprendizagem e desafios. Houve muita doação e dedicação por parte de toda a equipe. Todos na tentativa de poder auxiliar o outro. Todos nós perdemos o que é primordial não só na escola, mas na vida, que é o convívio social (presencial). E por isso devemos, daqui para frente, valorizar mais a educação e principalmente os profissionais da área. Estou esperando que, com a vacina, possamos voltar ao normal. A escola só é escola por ter alunos; se não, é apenas um espaço. São os alunos que nos movimentam – concluiu ela.

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