#CANCELAOANOLETIVO2020: Ano letivo pode ser cancelado?
Veja o que pensam entidades de educação e docentes sobre o assunto
Camille Dornelles - 01/07/2020 14h23
Com o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio 2020 (Enem) para maio de 2021 surgiram perguntas sobre os rumos do ano letivo atual. Cidades brasileiras atuam na retomada das atividades e flexibilização da economia, mas as aulas presenciais seguem incertas. O tema, então, virou um dos mais comentados nas redes sociais.
– Todo mundo com o psicológico ferrado pela pandemia, e os professores não param de passar atividades, que causam mais estresse e pressão. Isso sem contar as pessoas que não têm nem acesso à internet… O que adianta passar de ano se ninguém aprendeu nada? – indaga uma internauta.
A pergunta é a mesma feita por muitos estudantes, que subiram a hashtag #CancelaOAnoLetivo2020. Segundo registros do Twitter, a tag surgiu pela primeira vez há menos de um mês e já ultrapassou 10 mil postagens.
No entanto, a possibilidade de cancelar o ano letivo é descartada por autoridades. O Ministério da Educação (MEC) ainda não se manifestou sobre a possibilidade, mas o Pleno.News buscou o parecer de entidades responsáveis para saber o que pensam de um possível cancelamento.
ALGUMAS MEDIDAS PARA RETOMADA
- Higienização
- Distanciamento de cadeiras e alunos
- Não compartilhar objetos nem alimentos
- Desinfecção das escolas
- Uso de máscaras
- Higienização das instalações
- Disponibilização de álcool gel e pias para lavagem das mãos
Can they do this then for our kids. pic.twitter.com/t9AkUpBjj2
— I Am Faithful ❤️ (@Lolita_FitMom) May 19, 2020
O QUE DIZEM ENTIDADES?
O presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares, Ademar Batista, se manifestou no início de maio e chamou a proposta de “absurda”.
– Esta proposta é absurda. Estamos focados em terminar o ano letivo ainda neste ano. Não faz sentido estender para o ano que vem. O máximo, dependendo do quanto esta pandemia durar, jogar o período de recuperação para janeiro. Mas, no ano que vem volta tudo ao normal. Irresponsabilidade é não retomar o ano. Há movimentos que defendem anular este ano letivo, como aconteceu em alguns países da Europa. Mas lá as aulas começam em setembro. O que eles fizeram foi antecipar o encerramento do ano letivo que terminaria na metade do ano. Não tem essa de cancelar o ano – afirmou ao Tribuna Online.
No Distrito Federal, as escolas particulares programam a retomada já para o próximo dia 27. Os públicos abririam uma semana depois, no dia 3. O presidente do Sinepe-DF, Álvaro Domingues, emitiu um parecer e defendeu a retomada das aulas.
– Estamos preparados para reabrir as escolas particulares do Distrito Federal. Tínhamos solicitado, de acordo com o cronograma do Plano de Profixalia, elaborado pelo SINEPE-DF, para o dia 20 de julho. Vimos que o governador indicou a data de 27 de julho. Estaremos prontos, respeitando a decisão das famílias de levar ou não seus filhos à escola e as características de isolamento social que o cenário impõe, com responsabilidade e ética, considerando que o ambiente escolar é o local mais propício para a repercussão de comportamentos seguros, a fim de garantir convivência saudável na escola, em casa e na comunidade em geral, na forma designada mais recentemente de “novo normal” – apontou em nota.
Uma proposta do Governo do Estado de São Paulo prevê o retorno gradual dos estudantes às salas de aula em agosto, assim como no Rio de Janeiro. O Sindicato das Escolas Particulares do Estado do Rio de Janeiro (Sinepe/RJ) vem orientando as escolas a retomarem as aulas presenciais gradualmente, mesclando com EAD.
O QUE DIZEM DOCENTES?
Coordenadores e professores também estão na outra ponta, com dúvidas sobre a retomada das aulas. Ao Pleno.News, a professora de inglês Júnia Santos, de Sorocaba, São Paulo, afirmou que outras possibilidades estão sendo estudadas para o ano que vem.
– Não paramos nem um dia as aulas, elas migraram rapidamente para o EAD. O conteúdo está sendo dado e o calendário cumprido. Agora, a expectativa é retornar em setembro. Mas a escola já estuda possibilidades para o reforço acadêmico de quem sentiu o ensino prejudicado, como reforço ou até estender para mais um ano – declarou.
O professor Vinícius Ferreira, de São Paulo, afirmou ao portal que prevê muitas diferenças no ensino caso volte ao presencial e que essas precisam ser levadas em conta.
– Questões sociais, psicológicas. A escola nunca mais será a mesma e caminhamos finalmente para uma melhor compreensão da educação. Quero que eles cresçam e que tenham as melhores condições que pudermos lhes oferecer – declarou.
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