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Você como um forte cabo eleitoral

Virgínia Martin - 11/10/2018 09h22 | atualizado em 11/10/2018 09h25

Cabo eleitoral feminino: centenas de passeatas pelo Brasil Foto: Folhapress/Eduardo Anizelli

Já fazia tempo que o brasileiro não exercia o papel de cabo eleitoral de forma tão participativa, para não dizer, agressiva. Se antes a população estava “deitada em berço esplêndido” no aspecto político, hoje prefere o confronto por causas e escolhas partidárias, ao invés de optar pelo conflito, que é a diferença de opiniões sem desgastes violentos. Sim, passamos anos deixando a política para os políticos. A governabilidade do Brasil tomou seu rumo, enquanto o povo prestava mais atenção ao futebol. A Copa Mundial era nossa maior campanha como patriotas.

Nesta virada de 2018, percebemos um novo espírito do cidadão brasileiro. Envolvido pelos resultados da Operação Lava-Jato, oprimido pelos arrochos fiscais, cansado dos abusos de poder, da corrupção, da indiferença com as mazelas da nação. Surge um novo eleitor diante diante também de um cenário eleitoral afetado por uma massa de fakenews. Há estratégias de candidatos que vão desde subidas ao monte até ataques contra o adversário esfaqueado.

Hoje, o país ganhou uma nova cara – antes pintada pelo impeachment do presidente Collor em 1992 – que revela uma multidão de cabos eleitorais ativos e barulhentos. Temos agora um segundo turno pela frente e dois candidatos de extrema direita e de extrema esquerda. Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) cresceram nas pesquisas, mas a diferença de intenção de votos entre os dois se mantém.

A recente pesquisa do Data Folha, encomendada pela Folha de São Paulo e TV Globo, apontou itens significativos nesta reta final. O apoio dos evangélicos a Bolsonaro se mantém e até aumenta. Enquanto ele recebe adesão de 60%, Haddad tem 26%. Entre os católicos, Bolsonaro tem 46% de apoio e Haddad tem 40%. E se um dos argumentos do PT é de que as mulheres brasileiras não apoiam Jair Bolsonaro, a mesma pesquisa aparece com 42% de eleitoras femininas a favor do mesmo, ficando Haddad com 39%. Não me parece uma diferença estarrecedora.

Bolsonaro continua impedido pelos médicos de participar de debates. Ao menos, não pode ser tachado de “fujão”, já que passa por uma recuperação de saúde após grave cirurgia. Mas me lembro de Lula, em 2006. Disse que não ia ao último debate e acabou ficando para o segundo turno. Fugiu! Em 2018, nem é preciso que Haddad vá até uma enfermaria para debater com o adversário impossibilitado. A questão é de manter o controle sobre o desgaste físico provocado pelo stress da circunstância. E Bolsonaro nem em uma enfermaria está. Assim como um hospital não poderia autorizar um aparato específico para tamanha importância da situação de embate.

Os brasileiros seguem como cabos eleitorais de seus escolhidos. Nem mesmo a migração de votos e de apoio dos candidatos eliminados parece preocupar o eleitorado. O povo está indiferente em relação a quem está apoiando quem, oriundos de outros partidos. Possuem hoje convicções e crenças e estão aprendendo, enfim, a avaliar melhor. Trata-se de um processo, tardio, mas urgente. O brasileiro acordou. Pode até ter acordado de mau-humor. Mas… acordou!

Virgínia Martin é editora-chefe do Pleno.News. Formada em Jornalismo, com pós-graduação em Propaganda e Marketing, em Comunicação Empresarial e em Pedagogia, tem mestrado em Multimeios.

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