Virgínia Martin - 01/05/2018 08h00 | atualizado em 01/05/2018 10h33

Eu costumava visualizar Marcia Tiburi no cast do programa Saia Justa, do canal GNT. Gostava da praticidade de seu raciocínio, admirava a mulher inteligente, discordava de certos insights seus… até que ela passou. E depois surgiu uma Marcia afirmando que “encontrava lógica no assalto”. Parei! A escritora e doutora em Filosofia defendeu claramente o bandido (direitos humanos), justificando que o sistema capitalista havia lhe roubado as oportunidades. E que “isso (o assalto) seria justo dentro de um contexto injusto”. Não sei quantas vezes Marcia já foi assaltada.

Novamente dei de cara com a querida Marcia, sempre com suas argumentações provenientes de um flash de ação de seus neurônios. A filósofa pensa e fala rápido. Cercada de Brecht e Arendt, mostra-se contundente, corajosa, ilimitada, aguerrida contra a burguesia e contra as elites dominantes.

Mas… passar a afirmar que “todo mundo quer casar com Lula”, que “as mulheres são apaixonadas por ele” e que seus algozes são frios, secos e comprometidos com princípios heterossexuais, com a lógica da violência contra as mulheres, contra os negros, contra a liberdade de expressão… Pareceu-me mínima e prolixamente extremista e generalista.

Deixemos que Lula se defenda, que o tempo revele quem é, de fato, fascista, e como os movimentos de esquerda e de direita evidenciarão quem é e quem não é violento em suas manifestações. Misturar sexualidade em um discurso em que ela afirma que a perseguição a Lula se deve também a problemas sexuais das elites, me soou como surto, tal qual a defesa do assalto. Será preciso muito habilidade para interpretar esse texto.

Filosofando sem parar, a petista tem todo direito de falar sua opinião, embora venha sendo amplamente criticada e ridicularizada. Em seu livro, Como Conversar com um Fascista: Reflexões sobre o Cotidiano Autoritário Brasileiro, a autora escreve que “cada um é engrenagem da grande máquina de produzir fascistas alimentada com o combustível do ódio”. Diante dos movimentos libertários e legítimos, pergunto: Por onde o ódio tem sido mais alimentado?

O Pleno.News gosta de observar esse discernimento. Abre espaço para quem luta contra a corrupção, independentemente de posições políticas e religiosas, orientações sexuais e cor de pele. Mas que acima da inteligência e do conhecimento, impere lucidez e bom senso em um Brasil tão sacudido por ondas de rancor, analfabetismos políticos e blá-blá-blá filosóficos.

Virgínia Martin é editora-chefe do Pleno.News. Formada em Jornalismo, com pós-graduação em Propaganda e Marketing, em Comunicação Empresarial e em Pedagogia, tem mestrado em Multimeios.

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