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O futuro será cheio de cotas para vários grupos de minoria

Virgínia Martin - 27/06/2018 11h25

Leis antidiscriminativas. Elas funcionam para suavizar dificuldades inerentes do preconceito e do desfavorecimento civil de algumas minorias da sociedade. São as tais ações afirmativas que carregam a proposta de dar oportunidade àqueles que não a teriam de forma natural. E assim, foram sendo implementadas cotas para negros, para índios, para deficientes e, por último, para trans.

Diante de alterações que a sociedade vem sofrendo, novas demandas vão sendo detectadas e impostas em nome da democracia e dos direitos humanos. Atualmente, há cotas em universidades federais, em concursos públicos e novos caminhos se abrem para que as reivindicações alcancem o ensino básico. No ano passado, a Universidade Federal do Paraná reservou sua cota para uma pessoa trans no curso de pós. No Ceará, a mesma proposta ganhou peso. E hoje a Universidade Federal Fluminense terá sua cota para travesti ou transexual em curso de mestrado.

Todos estes movimentos libertários devem ainda influenciar os processos eleitorais e suas vagas às pré-candidaturas. A comunidade LGBT têm seus direitos e irá forçar o reconhecimento da classe de transgêneros também dentro de empresas.

Fiquei pensando: a implementação das cotas raciais e sociais, até aqui, pelo que sabemos, existe a fim de diminuir as disparidades econômicas, sociais e educacionais de pessoas menos favorecidas. Trata-se de aplicar a equidade aristotélica. Porque foi Aristóteles quem criou a teoria que defende que se duas pessoas estão vivendo em situações desiguais e têm chance de concorrer nas mesmas condições, a desigualdade entre elas será perpetuada. Daí a existência das cotas que colocam essas pessoas no mesmo patamar de concorrência.

Ok! A lógica procede. Mas pergunto como se explica a pauta sobre cotas para pessoas trans, tão merecedoras de respeito e oportunidades como outras? Afinal, tenho amigos que são transgêneros, portadores de inteligência, boas condições financeiras e um bom padrão de vida. Possuem a mesma ou melhor capacidade de ingressar em universidades e concursos públicos que outros. Diferentemente dos negros e dos indígenas, por exemplo, que notória e historicamente provém de desvantagens em sua formação escolar com dificuldades de ascendência econômica e social.

Pleno News respeita a cor da pele, a etnia, a opção sexual. Mas pergunta: será a discriminação tão grande que tire de cidadãos transgêneros a competência de conquistar uma vaga sem necessidade de cota para garantir sua igualdade? Para quem mais serão concedidas estas políticas de inclusão? Talvez para pessoas que sofreram traumas na infância (bullying, abuso sexual, cativeiro). Quem sabe para crianças que comprovadamente sofreram como escravos em trabalho infantil. Todos estes são minorias e também merecem um favorecimento. E diante de tantas reconfigurações sociais, é possível que mais e mais cotas surjam pela frente. Quem viver, verá!

Virgínia Martin é editora-chefe do Pleno.News. Formada em Jornalismo, com pós-graduação em Propaganda e Marketing, em Comunicação Empresarial e em Pedagogia, tem mestrado em Multimeios.
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