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“Idiotas da aldeia”: a onda dos haters na Internet

Virgínia Martin - 11/04/2018 07h30 | atualizado em 11/04/2018 11h18

Parece mesmo que o mundo está sendo dividido em uma nova configuração que deriva de um fenômeno social. De um lado temos os lovers, de outro temos os haters. Nesta semana mesmo, eu assisti a um discurso ao vivo por meio do Facebook. Era um pastor amigo, esquerdista, argumentando sobre a dignidade humana, que não era defendida pela Direita, sempre mobilizada com intenções de ódio e de desigualdade. Preferi desligar e ir dormir…

Na manhã de terça (10), foi a vez de ver um vídeo em que estudantes da Universidade de Brasília (UnB) queimavam a Bandeira do Brasil em ato de protesto contra a crise financeira enfrentada pela universidade. Os desdobramentos nas redes sociais foram bizarramente dicotômicos, apontando a crescente muralha entre os aceitáveis e os inaceitáveis. Há poucos dias, ficou escancarada a atuação de grupos que incitaram ódio online diante do caso Marielle e outros ainda que costumam inflamar seus comentários com enxofre cibernético. Enfim, o mundo está mesmo demarcando território entre obcecados irritados e admiradores declarados. Ou outra especificação que valha especial atenção.

Como funciona? Na linguagem da Internet os haters são aqueles que iniciam ou dão continuidade aos “discursos de ódio” na rede. Comumente, publicam mensagens com as frases “detesto”, “odeio” e “me irrito”. Daí o nome haters. Já existem há anos, mas antes eram banidos ou punidos pelo moderador do debate. Na Internet atual, sem moderação, escrevem o que querem.

O escritor e filólogo Umberto Eco definiu esses raivosos como “idiotas da aldeia e portadores da verdade” e frisou que “normalmente, eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel”. E ainda há os trolls, termo mais recente para aqueles que fazem brincadeiras e piadas de mau gosto.

Na rede, “trollar” é um neologismo para a zoação ignorante, escárnio e linchamento público. É possível exemplificar, dizendo que os haters trazem a mulher para ser apedrejada e os trolls atiram as pedras.

Para o Pleno.News, o que mais assusta e surpreende é constatar que existem haters e trolls que se dizem cristãos. Afinal, é prioridade fortificar padrões éticos, evitando divulgar inverdades e informações não checadas, quer sejamos mídia ou não. Esses “assassinatos virtuais” jamais podem se tornar banais, muito menos serem combustível para comoção e indignação do povo em prol de causas variadas, tomando lugar da inteligência emocional e de manifestações de opinião baseadas em raciocínio e bom senso. Ou iremos dar voz aos “idiotas da aldeia”?

Virgínia Martin é editora-chefe do Pleno.News. Formada em Jornalismo, com pós-graduação em Propaganda e Marketing, em Comunicação Empresarial e em Pedagogia, tem mestrado em Multimeios.

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