Hoje é Dia da Liberdade de Imprensa
Virgínia Martin - 03/05/2019 16h32 | atualizado em 03/05/2019 17h06
Hoje é o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa (3 de maio). Pleno.News comemora, sem dúvida, mas também dá sinais de preocupação. Certamente, a imprensa já não tem a mesma configuração do passado com seus grandes conglomerados de mídia. Como bem disse Chris Anderson em seu livro A Cauda Longa, o mercado iria se “alongar”. Ou seja, o poder deixaria de ser dos grandes monopólios e iria se distribuir em pequenos nichos. Hoje, o que não faltam são canais de mídia em vários segmentos. A informação passou a ser propriedade de muitos (com e sem responsabilidades).
Vamos, no entanto, voltar ao passado, quando em 1993 a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) criou este dia a fim de comemorar o direito à investigação e publicação de todos os profissionais que trabalham em meios de comunicação. O avanço foi nosso motivo de orgulho. Foi um passo a favor da liberdade contra a censura.
Mas, infelizmente, as estatísticas indicam variáveis de retrocesso. Uma pesquisa feita pela ONG Repórteres Sem Fronteiras e publicada em 2018 apontou que os países mais arriscados para jornalistas são: Afeganistão, Síria, México, Iêmen, Índia e Estados Unidos. No Brasil, dados do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) informam que 64 jornalistas, profissionais de imprensa e comunicadores foram mortos no exercício da profissão entre 1995 e 2018. Sintomático!
Suprimir a liberdade de expressão é um erro duplo. Viola os direitos do ouvinte, assim como do falante (Frederick Douglas – abolicionista e escritor norte-americano)
Mirem na Venezuela como desonroso exemplo do anti-jornalismo. Proibição de publicações, restrições e prisão de jornalistas representam um atentado contra os meios de comunicação. E todos nós imersos no sub-mundo das fake news. Se não temos tanto a comemorar, pelo menos, precisamos buscar formas de continuar avançando com estratégias que alcancem desde a base da classe jornalística, passando pela sociedade e mexendo com os poderes políticos.
- Jornalistas – precisam de uma nova formação, aquela sobrecarregada de ética e de responsabilidade para fins de publicação de informação de qualidade com direitos validados.
- Sociedade – precisa de educação midiática para aprender a discernir entre verdades e mentiras e necessita saber lidar com os conceitos da liberdade de imprensa.
- Políticos – precisam de maior interesse e engajamento com as leis de defesa de liberdade de expressão e de luta em prol dos jornalistas ameaçados em outros países.
Sinais de alerta
Hoje mesmo acontece em São Paulo o seminário “Liberdade de Imprensa na Era Digital”, realizado pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). O evento discute casos de ameaças aos jornalistas, principalmente na área de política. E ainda reavalia os instrumentos de regulação de procedimentos e de ações contra a censura.
Virgínia Martin é editora-chefe do Pleno.News. Formada em Jornalismo, com pós-graduação em Propaganda e Marketing, em Comunicação Empresarial e em Pedagogia, tem mestrado em Multimeios. |
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