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Brasil: futebol ou política?

Virgínia Martin - 05/11/2018 12h04 | atualizado em 05/11/2018 12h59

No início deste ano, um levantamento realizado pela empresa de informação, dados e medições Nielsen Sports, revelou um ranking de 30 países com população que se diz interessada em futebol. Na 13ª colocação, estava o Brasil, que já foi o país do futebol. Hoje, apenas 60% dos brasileiros demonstram interesse pelo esporte mais popular do planeta.

Em seguida, veio a Copa do Mundo na Rússia em julho deste ano. E o brasileiro também não se mostrou interessado. A crise econômica e política despertou maior interesse da nação, preocupada com a instabilidade financeira. Em meio a greve dos caminhoneiros, o Brasil não estava mais tão focado nas táticas de jogo da seleção do técnico Tite. Ainda mais depois do marcante 7 x 1 da Alemanha.

Ironia do destino: brasileiros atualmente só falam de política, brigam sobre política, cobram sobre política. O cenário mudou. As relações sociais também, estremecidas pela polarização partidária. Enquanto isso, jogadores de futebol continuam ganhando muito bem.

Diante de um novo pensamento político, de um novo clima político, de uma nova linguagem política, Pleno.News amplia sua percepção para avaliar: o que ocorreu para que toda esta mobilidade política acontecesse tão rápido?

Mudanças na sociedade. Ou seja, o surgimento de novas configurações e demandas de grupos, como de trans, de gays, de negros etc, que exigem novas propostas. E ainda, somado a isso, o papel das igrejas evangélicas, cansadas de uma espécie de “bagunça” moral e estrutural no desenvolvimento do país. E com força suficiente para influenciar redes.

Com quase 90 anos de idade, o historiador Boris Fausto já passou por diversos mandatos presidenciais. Em sua entrevista ao jornalista Roberto D Ávila, ele afirma que o PT mais que errou. Mas que montou um grande esquema de corrupção, o que afastou muitos decepcionados militantes do partido. Esse anti-petismo foi significativo como valor eleitoral.

Sob este ângulo, o Brasil passa por uma renovação do que significa a política nacional. O entretenimento do esporte não foi capaz de superar a atenção dada às questões mais urgentes do país. Independente do salvacionismo de Lula ou de Bolsonaro, o povo quer lutar por mudanças. Seja com ou sem PT ou PSL, o Brasil quer buscar o novo, depois de anos desgastado pelo sistema político.

A operação Lava-Jato fez seu papel, iniciando o processo de renovação de cargos com queda da velha corrupção. As eleições mostraram também uma renovação de representantes e partidos nos quadros parlamentares. E a população se inflama diante de tantas crises, muitas desnecessárias.

O futuro mostrará em que tanta insatisfação política se transformará. E o futebol, antes a “menina dos olhos” do brasileiro, talvez precise aguardar no banco do reserva até que a os ânimos se acalmem. Porque hoje o que precisamos mais é fazer gol nas políticas públicas do país.

 

Virgínia Martin é editora-chefe do Pleno.News. Formada em Jornalismo, com pós-graduação em Propaganda e Marketing, em Comunicação Empresarial e em Pedagogia, tem mestrado em Multimeios.

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