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Agressão doméstica: o Brasil está cheio de Marias da Penha

Virgínia Martin - 07/08/2018 11h46 | atualizado em 07/08/2018 15h23

O dia de hoje (7) merece reflexão. Digo reflexão não focada, mas horizontalizada. De uma ponta, os persistentes prejuízos que mulheres do século 21 ainda sofrem debaixo da violência do homem. Na outra ponta, seguem alguns avanços pela valorização dessa mesma mulher e a criação de políticas públicas que favoreçam o potencial feminino. São 12 anos desde a implantação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), no país, considerada um marco na história de defesa dos direitos das mulheres brasileiras.

Mas enquanto o tema é amplamente discutido, mulheres continuam sofrendo agressões. Escancaradamente filmado, um marido agride repetidamente a esposa na cidade de Guarapuava, Paraná. Assassinada, depois de torturada, a advogada Tatiane Spitzner é mais uma vítima em um cenário de covardia que aconteceu na semana passada. E faz lembrar o crime cometido pelo então marido de Maria da Penha Fernandes há 12 anos, quando ela levou um tiro pelas costas e ficou paralítica. Outro ato de feminicídio aconteceu ontem (6). Uma mulher, grávida de dois meses, foi morta pelo marido na frente do filho de 3 anos.

As estatísticas de crimes e expressões de ódio contra mulheres são humilhantes no Brasil. Justamente no dia de hoje, operações de combate à violência contra a mulher estão acontecendo em alguns pontos do país. Na Cidade da Polícia, no Rio de Janeiro, 23 homens foram detidos, acusados de violência doméstica. Em Juiz de Fora e outras cidades mineiras, mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos.

O Pleno.News pergunta: É preciso esperar a data para fazer essa limpeza nas cidades? Uma ação mais intensa não pode ser feita nos outros 364 dias?

Como disse, na outra ponta de uma avaliação sobre o significado do dia de hoje está uma boa ação. A Prefeitura de São Paulo lançou nesta segunda-feira (6) o Programa Tem Saída (foto em destaque). Trata-se de uma política pública voltada à autonomia financeira e empregabilidade da mulher em situação de violência doméstica e familiar. A partir de hoje, mulheres serão atendidas e encaminhadas pelo sistema judiciário aos equipamentos de seleção de emprego da Secretaria Municipal de Trabalho e Empreendedorismo (SMTE).

Certamente, essa balança entre perdas e ganhos não tem sido muito justa… ou satisfatória. Se o crime não compensa, vale buscar potencialmente que o peso maior seja pelo bem. Porque a avalanche de casos de destruição moral, física e emocional de outras Marias da Penha não cessa de evoluir. Que outras leis precisarão ser criadas?

Virgínia Martin é editora-chefe do Pleno.News. Formada em Jornalismo, com pós-graduação em Propaganda e Marketing, em Comunicação Empresarial e em Pedagogia, tem mestrado em Multimeios.

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