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A onda de conflitos nas universidades

Episódios como o de Sara Winter revelam riscos de intolerância, ignorância e falsa democracia.

Virgínia Martin - 30/04/2018 08h00 | atualizado em 30/04/2018 08h04

Geisy foi expulsa em 2009, Sara foi impedida de se apresentar: a intolerância continua. Foto: Reprodução

Sara Winter (Sara Fernanda Giromini). Este nome deu o que falar na sexta passada (27) e ainda reverbera pelos corredores da UFF (Universidade Federal Fluminense) e ainda por veículos de causas socialistas. Tudo porque Sara deixou de ser ativista feminista e passou a pregar um discurso em favor da família tradicional. Ou seja, desagradou a galera progressista, liberal e de pensamento de esquerda, disfarçada entre os universitários.

Afinal, Sara já não era a favor do aborto e outros lemas feministas, passou a atuar com uma postura cristã, obviamente sendo ridicularizada, já que mudou de ideologia e desfila como ex-militante fascista. Eu, entretanto, como jornalista, que sempre pensei que o ambiente de uma universidade pública deveria ser democrático, sucumbi no meu espanto diante das intolerâncias.

De um lado, os estudantes anunciam que Sara chegou para palestrar, acompanhada de munição (seguranças e sprays de pimenta). De outro, Sara diz que muitos dos integrantes do grupo não eram alunos, e sim militantes contrários a ela e que estavam mascarados e portavam pedaços de madeira e ferro. Ignorâncias à parte, é preciso compreender que há variados interesses de grupos que, infelizmente, predominam sobre o bem comum e sobre a democracia.

Trabalhei com universitários durante quatro anos. Frequentei os arraiais dos pretensos intelectuais da área de Humanas e só vi o óbvio: eles se deslumbram com questionamentos, se revoltam sem profundo conhecimento e se rebelam contra tudo o que seja censura. De lá para cá, pouca coisa mudou. Até que encontrei um amigo cristão, aguerrido pela justiça social, que me disse que os movimentos de direita é que são violentos. Aonde estava este meu amigo no dia 27?

O episódio passado me preocupa, seja como pessoa, como cristã e como profissional de mídia. O que poderemos encontrar pela frente se alguém quiser palestrar ou se expressar contrariamente ao que o mainstream universitário defende? Quais serão as prováveis notícias que divulgaremos, após apuradas, sobre conflitos dentro de universidades estaduais e federais?

E ainda me lembrei do caso Geisy Arruda, a estudante que foi expulsa da faculdade por estar usando um vestido curto. Era o ano de 2009 e Geisy foi publicamente vaiada e humilhada. E as perguntas não cessam. Que limites/parâmetros permeiam o comportamento dos futuros formandos e profissionais deste país? Pois bem, se um vestido rosa curto causou tamanha compulsão colérica, uma outra mulher agora causa similar repulsa. As duas não agradaram! E, por mais estranho que pareça, esta tal sociedade moderna e estudantil vem midiaticamente sendo influenciada pelo discurso da diversidade e pelo respeito às diferenças.

Pleno.News não quer apenas ficar atento às possibilidades e riscos. Deseja ter sensibilidade para tratar destes novos temas. Trata-se de um conjunto de contradições, de incoerências, que devem ser analisados. E fica o alerta: o que será permitido expressar no espaço público do meio acadêmico no futuro?

Virgínia Martin é editora-chefe do Pleno.News. Formada em Jornalismo, com pós-graduação em Propaganda e Marketing, em Comunicação Empresarial e em Pedagogia, tem mestrado em Multimeios.

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