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A culpa dos prejuízos das enchentes é nossa

Virgínia Martin - 10/04/2019 13h10 | atualizado em 10/04/2019 13h24

Um jornalista experiente já sabe que, em todo o primeiro trimestre do ano, os noticiários irão falar dos estragos causados pelas fortes chuvas no país, principalmente no eixo Rio/São Paulo. Dá até para deixar uma matéria pré-montada a fim de acrescentar os dados atualizados. Sim! Ano após ano, as enchentes se repetem, os prejuízos se avolumam e, pior, mais pessoas morrem desnecessariamente.

Pleno.News não optou por esta estratégia. Preferiu acreditar que seria mais humano e menos especulador apenas escrever segundo as demandas do cotidiano. Infelizmente, o cotidiano não perdoou e trouxe dezenas de manchetes sobre alagamentos, desmoronamentos e mortes. As histórias se repetem, assim como as explicações e justificativas.

Pleno.News poderia também escrever sobre o tema, abordando mudanças climáticas e falta de obras, fora a deseducação da população que contribui com o lixo jogado em locais impróprios. Mas como não somos apenas noticiadores do que acontece, mas também veiculadores de prestação de serviços, seguem – por que não? – algumas sugestões, no sentido de prevenção diante do caos que virou banalidade.

  • Em todo o mês de dezembro e janeiro, todas as forças de propaganda, sejam na esfera governamental ou privada, devem montar campanhas criativas focadas na NÃO prática de se jogar lixo em rios, ruas, terrenos, etc. Brasileiro é criativo e pode fazer muitas peças publicitárias que escancarem maciçamente o que vai acontecer, se o hábito de sujar as vias urbanas continuar.
  • Da mesma forma e no mesmo período, todos os brasileiros devem usar as redes sociais para convocar o povo a não poluir a cidade – leia-se rios, córregos, calçadas, bueiros… – mobilizando amigos e famílias sobre o risco que todo mundo vai correr quando as chuvas chegarem. Não custa nada e pode virar uma boa marca nacional para viralizar rede acima (e não abaixo).
  • Já que temos interesse na política do Brasil e vamos às ruas defender ideologias, é possível fazer o mesmo sobre o perigo que se aproxima: alagamentos, perdas e mortes. Ninguém quer passar por isso todo ano. Se a cidade gritar por prevenção, muita gente pode escutar.
  • Quando as pessoas querem, elas fazem. Há sempre grupos que não esperam ações do governo. Gente que faz camiseta, cria uma marca e um slogan, consegue espaço para falar, envia pauta para os veículos de comunicação, inventa no universo digital, busca apoio de influenciadores e formadores de opinião e consegue… Inspire-se nestes!
  • Todos nós vibramos com a campanha #desafiodolixo, também conhecida como #trashtag. Até porque, não há nada de mal, de errado, de vergonhoso ou de cansativo em entrar nesta vibe de catar o lixo em determinada região. Faz uma grande diferença, além de trazer um sentimento de paz e gratificação por ter a capacidade de limpar um pedaço do planeta/cidade. Consequentemente, quem faz isso está, com certeza, salvando vidas. Indiretamente, mas está.
  • Que tal uma campanha com os próprios garis? Eles podem ser instrumento de apoio e orientação. Podem dar dicas, revelar o que encontram, relatar como o trabalho é difícil. Afinal, eles são os profissionais da limpeza. E eles possuem credibilidade.
  • Poucos se dão conta de que solo não pavimentado absorve até 90% da água da chuva. Ou seja, quanto mais verde, melhor. Também não custa estar atento ao que pode ser melhorado em questão de área verde na vizinhança.

Quem já passou por muito prejuízo em função de fortes chuvas sabe que pode fazer alguma coisa. Nosso povo é sofrido por causa de algo que acontece repetidamente e quase sempre pelos mesmos motivos. Gente que não quer mais sofrer nem esperar por ações do governo, vai e faz. Portanto, a culpa diante da tragédia da chuva é muito nossa. Porque nos acomodamos em pensar que não vai acontecer, que só vai afetar o outro, que as autoridades são as culpadas, que blá-blá-blá.

Antes que as próximas fortes chuvas (que nada têm de culpa) cheguem e nos arrastem, talvez seja uma boa ideia repensar sobre o que podemos e somos capazes de fazer. Algumas sugestões foram dadas. Mãos ao trabalho! Ops! Mãos à prevenção!

Virgínia Martin é editora-chefe do Pleno.News. Formada em Jornalismo, com pós-graduação em Propaganda e Marketing, em Comunicação Empresarial e em Pedagogia, tem mestrado em Multimeios.

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