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‘O grande problema são os 5 mil empregos que serão perdidos’

Gustavo Ene, secretário de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, falou de ações do governo após anúncio da Ford

Pleno.News - 14/01/2021 16h20 | atualizado em 14/01/2021 17h17

Ford anunciou fim da produção no Brasil, com fechamento de três fábricas Foto: Divulgação

Com a saída da Ford do Brasil, o governo vai concentrar o foco na requalificação dos trabalhadores que devem perder seu emprego, segundo o secretário de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Gustavo Ene. Ele afirmou que as secretarias de Trabalho e de Políticas Públicas para o Emprego do Ministério da Economia já estão trabalhando para fazer o planejamento das medidas. Será feito um perfil de cada trabalhador para ajudar na realocação desses funcionários da Ford.

– Nosso objetivo também é chamar o Sistema S, principalmente as federações das indústrias, para colaborar nesse processo de qualificação técnica – disse ele.

Confira, abaixo, a avaliação de Gustavo sobre a saída da Ford do país:

O que pode ser feito?
Chamamos a Secretaria do Trabalho e a Secretaria da Política Pública do Emprego do Ministério da Economia para ajudar. Agora, vem um processo de desligamento, negociação da empresa com os sindicatos. E, a partir daí, [é] acompanhar os resultados e buscar, primeiro, uma requalificação destes trabalhadores, para que possam ser aproveitados em outras indústrias. As pessoas são muito focadas em fazer veículos, precisamos analisar e planejar alternativas de como elas se adaptarão a outros mercados. Nosso objetivo também é chamar o Sistema S, principalmente as federações das indústrias, para colaborar nesse processo de qualificação técnica. Conversaremos com as federações das indústrias de cada Estado. Já iniciamos contato com a do Ceará.

Qual é a extensão dessa cadeia de trabalhadores?
Vamos precisar entender com a Ford qual o tamanho da redução dessa produção, desses sistemistas (fornecedores). Uma coisa é produzir diariamente para atender [à] produção e [à] mais reposição. É preciso entender o reflexo que [isso] terá na cadeia.

Qual o diagnóstico do governo para a saída da Ford do país?
A Ford já vinha há alguns anos revendo os seus modelos de negócios nos EUA e [na] Europa. O Brasil era ainda um dos países em que se fazia sentido apostar em volume [de produção] e carros populares. Porém, nos últimos anos, com os prejuízos acumulados devido à crise no setor automotivo, que se iniciou em 2014, [a produção da Ford] veio retomando aos poucos. Entrou a pandemia e, fora prejudicar os negócios no Brasil e [no] mundo, causou um efeito negativo. E [isso] aí não é [apenas] com a Ford, mas com todas as montadoras; [algo] muito atípico. As crises geralmente eram muito pontuais, sempre regionais. E, nesse caso, com a crise global, todas as matrizes, além de não terem caixa para as subsidiárias, tiverem a necessidade de recolher caixa.

Como ficará o mercado?
Obviamente, o mercado se acomoda. Vai ter problemas de fornecimento de veículos? Não. Fiat, GM, Hyundai, Volks, entre outras, irão aproveitar o momento. Vão ter oportunidade de melhoria não prevista. GM anunciou investimento de R$ 10 bilhões; FCA, de R$ 5 bilhões; BMW, de R$ 221 milhões, nos próximos 4, 5 anos, entre outros. Agora, o grande problema são os 5 mil empregos perdidos. Esse é o nosso principal foco. No mesmo dia em que recebemos a notícia, pelo CEO da companhia, montamos um grupo. Temos um time automotivo, o Rota 2030. E começamos a articular com três empresas. Temos contato com todas as montadoras. Logo vamos discutir todas as possibilidades sobre aproveitamento das plantas.

Qual [montadora] avançou?
Das três, eu diria que tem uma que já avançou em nível global na discussão. Não vou citar o nome de nenhuma empresa porque tem confidencialidade. São intenções.

É difícil ter comprador?
Sabe por quê? É fábrica de 250 mil veículos por ano. É “fabricão”.

A empresa pediu mais subsídios?
Toda a indústria automotiva sempre, nos últimos governos, propôs essa alternativa, de subsídios. A Ford tomou a decisão de mudar a sua estrutura de negócio. Parar de fazer carros pequenos, de baixa rentabilidade. O que adianta mais subsídio? Precisamos acelerar as reformas e medidas que impactem diretamente nos custos de se fazer negócio no país, para garantia dos atuais e [dos] novos investimentos, e mais trabalho e renda por consequência.

*Estadão

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