Saiba o que é o nióbio, mineral dominado pelos Moreira Salles
Potencial do minério é constantemente citado por Bolsonaro
Gabriela Doria - 06/10/2019 21h07

Exaltado pelo presidente Jair Bolsonaro, o nióbio ainda não é grande conhecido dos brasileiros, mas as finalidades deste minério já são amplamente difundidas e ele tem o potencial de dominar a indústria no futuro. Por coincidência, o nióbio é abundante no solo brasileiro, sobretudo nos solos da região da Amazônia, local de intensa disputa.
Apesar de toda a euforia, a exploração do nióbio já é feita há décadas pela família Moreira Salles, donos do Itaú Unibanco. Desde 1965, os Moreira Salles são donos da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), que domina 80% do mercado de nióbio. Das 130 mil toneladas do minério que serão produzidas este ano, a CBMM deve ser responsável por 110 mil toneladas.
Mas afinal, o que é este metal que promete alavancar o país, segundo Bolsonaro?
Apesar de ser barato, se considerado o valor do quilo do nióbio no mercado, cerca de R$ 160 (o quilo do ouro é comercializado a R$ 16 mil, aproximadamente), o minério tem potencial. Ele serve para gerar ligas metálicas mais leves e resistentes.
Para se ter uma ideia, uma caçamba de caminhão com aço é vendida pela CBMM a R$ 82,5 mil. A mesma caçamba de aço reforçado com nióbio é vendida R$ 92,3 mil.
Apesar de ser mais cara, a caçamba com nióbio pesa 6,6 toneladas, 1.110 quilos a menos que a comum. Esta diferença permite carregar uma tonelada de carga a mais, o que se traduz em menos viagens e mais economia. A curto prazo, o valor investido a mais seria compensado.
O poder de liga do nióbio é tão grande que a proporção usada para cada tonelada de aço é de apenas 300 gramas. Não à toa, o minério é comercializado em uma espécie lata de tinta.
O minério também é versátil. Segundo Luiz Carlos Oliveira, professor do departamento de química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), já aponta a vocação do metal para as indústrias de farmacêutica e de energia renovável.
– Temos resultados avançados para o uso como fármaco anticâncer e promissores para a produção de supercapacitores híbridos para uso em energias renováveis – afirmou Oliveira.
E para quem vive sem bateria no celular, o nióbio promete ser uma boa opção. Estudos mostram que a fusão do lítio, usado em placas de baterias, com o nióbio, pode ser carregado em questão de minutos e até segundos.
A Lamborghini, famosa por potentes carros de luxo, anunciou neste mês o uso destas baterias mistas para carros que atingem 100 quilômetros por hora em até três segundos.
Eduardo Ribeiro, presidente da CBMM, vê potencial até na área de cosméticos e sugere, em tom de brincadeira (quem sabe) um xampu milagroso que contém nióbio em sua produção.
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