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Marcos Melo - 07/02/2023 19h19 | atualizado em 08/02/2023 10h44

Dóllar Foto: Pixabay

Em dia marcado por instabilidade e troca de sinais, o dólar se firmou em terreno positivo ao longo da tarde e emendou nesta terça-feira (7) a terceira sessão consecutiva de valorização no mercado doméstico de câmbio. Entre mínima a R$ 5,1335 e máxima a R$ 5,2077, a divisa encerrou o pregão em alta de 0,50%, cotada a R$ 5,1998 [maior valor de fechamento desde 23 de janeiro]. Em fevereiro, a moeda já acumula ganhos de 2,42%.

Segundo operadores, os ataques ao Banco Central (BC) promovidos pelo presidente Lula (PT), que voltou a criticar o nível da taxa de juros e a gestão de Roberto Campos Neto à frente do BC, nesta terça, mais uma vez impediram que o real acompanhasse o sinal de baixa da moeda americana frente a divisas emergentes pares, como peso mexicano, chileno e rand sul-africano, e de países exportadores de commodities. As informações são da Agência Brasil.

Termômetro do desempenho do dólar frente a moedas fortes, em especial o euro e o iene, o índice DXY ameaçou romper o piso de 103,000 pontos, em meio à fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Quando o mercado local fechou, marcava 103,459 pontos, queda de 0,13%. Embora tenha ponderado que pode elevar os juros além do esperado pelo mercado caso a economia americana continue dando sinais fortes, Powell repetiu que um processo de desinflação está em curso mesmo o mercado de trabalho ainda bastante aquecido e disse esperar que 2023 seja um ano de “quedas significativas” da inflação.

– Lá fora, o mercado ficou mais positivo depois da fala de Powell, mas aqui continuou pesado. A ata do Copom pela manhã foi mais amigável ao governo, mas Lula falou novamente contra o BC, o que causou certo estresse – afirmou, líder de renda variável da Manchester Investimentos, Marco Noernberg.

Em entrevista coletiva, Lula pediu a Campos Neto “responsabilidade com o país” e disse que o presidente do BC deve explicações ao Congresso Nacional. Em alusão à substituição do diretor de Política Monetária da autarquia, Bruno Serra, cujo mandato termina em 28 de fevereiro, Lula disse que o governo tem “mais gente para indicar” e jogou a bola no colo de Fernando Haddad, ministro da Fazenda.

– Eu espero que o Haddad esteja vendo, esteja acompanhando e esteja ansioso do que tem que fazer – disse Lula.

Para o head de câmbio da Trace Finance, Evandro Caciano, o mercado assumiu uma postura bastante “compradora” com recomposição técnica de posições defensivas após o dólar ter furado o piso de R$ 5 nível que não era visto como sustentável diante das incertezas no campo político e fiscal.

– O ministério da Fazenda está fazendo seu trabalho, mas Lula segue na briga com o mercado. Parece que escolheu a figura de Campos Neto como bode expiatório – afirmou Caciano, que vê um teto de R$ 5,22 para a taxa de câmbio no curto prazo.

Pela manhã, Haddad disse que a ata do Copom “veio melhor” que o comunicado divulgado no dia 1º, colocando pontos importantes sobre o trabalho da Fazenda. Nesta segunda-feira (6), o ministro chegou a dizer que o comunicado do Copom na semana passada “poderia ter sido mais generoso”, justamente em razão das medidas anunciadas para a redução o rombo fiscal deste ano.

Na ata, o Copom observou que projeções de deficit primário feitas pelo mercado para 2023 “são sensivelmente menores do que o previsto no orçamento federal, possivelmente incorporando o pacote fiscal” de Haddad.

– O Comitê manteve sua governança usual de incorporar as políticas já aprovadas em lei, mas reconhece que a execução de tal pacote atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação – afirmou o BC.

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