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Governo vai retomar obras da usina nuclear de Angra 3

Investimentos totais devem chegar a R$ 15 bilhões

Pleno.News - 14/05/2021 17h19

Governo federal vai retomar obras de Angra 3 Foto: Divulgação

O governo federal vai retomar, na próxima semana, o processo de construção da usina nuclear Angra 3, no litoral fluminense, com a abertura das propostas das empresas interessadas em participar da obra. No total, 18 grupos compraram o edital e visitaram o local onde serão construídos os dois prédios da unidade – um para abrigar o reator (cúpula) e um segundo de uso auxiliar. Os investimentos totais devem chegar a R$ 15 bilhões.

A previsão é que as obras sejam iniciadas em junho, divididas em duas fases. A primeira deve ir até 2023 e a segunda fase, com a instalação do reator, até 2026. O governo decidiu antecipar a compra de alguns componentes que têm longo prazo de fornecimento, como um simulador que vai possibilitar o licenciamento dos operadores da usina.

– Angra 3 vai ter uma instrumentação e um controle digital, diferente do de Angra 2. Você precisa ter um simulador para formar os operadores, qualificar e licenciar. Isso tem de ser feito bem antes de 2026, deve ocorrer em 2024 – afirmou o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães.

Angra 3 é o maior empreendimento previsto para o Brasil neste ano. Desde sua primeira tentativa de retomada, em 2010 – suspensa em 2015 pelos desdobramentos da Operação Lava Jato -, reabriu a discussão sobre a necessidade de se expandir a geração nuclear no país, tema que tem argumentos sólidos tanto contra como a favor. Para os defensores da tecnologia, a energia nuclear é uma fonte de energia limpa, com grande fator de capacidade (geração de energia), e pode ser implantada próxima aos centros de consumo.

Outro ponto positivo que geralmente é destacado é o fato de o Brasil estar entre os nove países com as maiores reservas conhecidas de urânio no mundo – com potencial de crescimento, já que apenas 30% do território brasileiro foi mapeado.

Segundo o chefe da assessoria de gestão estratégica do Ministério de Minas e Energia, Ney Zanella dos Santos, as reservas brasileiras de urânio conhecidas garantem abastecimento das três usinas (Angras 1, 2 e 3) por mais de 200 anos.

– Não vamos ter problemas de escassez mesmo em tempos de crise, o combustível está aqui, além das vantagens de criação de emprego e renda e retenção do conhecimento tecnológico – afirmou ele, ao defender a fonte em recente Podcast.

Já os argumentos contrários envolvem questões como a de eventuais riscos de acidentes e seus efeitos para a população instalada próxima das usinas (o processo acumula rejeitos radioativos, ainda sem uma solução final acessível) e também econômicas, dado o investimento necessário para a construção de uma estrutura dessas e sua contribuição efetiva para a matriz energética.

De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), atualmente a fonte nuclear corresponde a cerca de 10% da matriz de geração de energia elétrica em todo o mundo. No Brasil, ela corresponde a 1,97% do total gerado, com cerca de 2 gigawatts (GW). A previsão é que, em 30 anos, o parque nuclear brasileiro ganhe até 10 GW extras de fonte nuclear, de acordo com o Plano Nacional de Energia 2050.

Reciclagem
Hoje, existem 450 usinas nucleares no mundo, e a tecnologia de reciclagem vem se desenvolvendo em vários países, com destaque para França e Rússia. No Brasil, só deverá chegar quando a fonte ganhar escala, avalia o presidente da Eletronuclear, que vê um casamento perfeito entre as usinas nucleares e fontes renováveis, como eólica e solar.

– Lá na frente, em 2050, vamos ter um sistema (de geração nuclear) muito maior, o que é bom porque o consumo de energia não vai parar de crescer no Brasil, e a expansão da oferta se dará muito pelas renováveis, que precisam de uma energia firme para se expandir – disse Guimarães.

Por dependerem do sol e do vento, acrescenta ele, as energias renováveis não geram energia o tempo todo, e precisam de fontes mais estáveis para garantir a segurança do sistema elétrico.

Pela projeção do governo, o Brasil vai adicionar entre 8 GW e 10 GW de energia nuclear nos próximos 30 anos, contra os 2 GW atuais e os 3,3 GW quando Angra 3 for inaugurada, em 2026, o suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 5 milhões de habitantes. Mas quanto mais usinas nucleares, mais rejeitos nucleares deverão ser produzidos, e esta equação deverá ser levada em conta na escolha dos locais onde serão instaladas as novas usinas no país, se o programa governamental for para frente.

Os estudos mais avançados para a localização de um novo parque nuclear ainda não estão concluídos. A seleção de 50 locais, iniciada há alguns anos, já foi reduzida para oito. A escolha da cidade de Itacuruba, em Pernambuco, que já era dada como certa por agentes do setor, deve ser deixada de lado com a privatização da Eletrobrás, já que o terreno cobiçado para a instalação de um novo parque nuclear era da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da estatal.

A obra tem gerado grande expectativa na região de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, depois que a Eletronuclear firmou o compromisso de privilegiar moradores na contratação para as cerca de sete mil vagas de trabalho que serão abertas.

– A Prefeitura de Angra dos Reis cadastrou um banco de talentos para facilitar a contratação pela empresa que ganhar o processo licitatório – informou o presidente da Eletronuclear.

*Estadão

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