Ford convoca ex-funcionários para produzir peças de reposição
Trabalhadores recusam até que empresa negocie o processo de demissão e indenização
Thamirys Andrade - 20/01/2021 15h32 | atualizado em 21/01/2021 16h05

De acordo com informações de sindicatos de metalúrgicos, a Ford iniciou uma convocação na segunda-feira (18) a fim de chamar funcionários das fábricas fechadas a retornarem ao trabalho na produção de peças de reposição. Os profissionais, no entanto, recusam-se a voltar até que a multinacional negocie suas indenizações e elaborem um plano de saída.
– A Ford está mandando comunicados, mas a adesão está zero. Está tudo parado. Ninguém está indo. A fábrica precisou alugar um galpão porque na região de Simões Filho (BA) não tinha gente para descarregar mercadorias de 90 caminhoneiros aqui, em Camaçari – afirma Julio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari.
O encerramento da produção de veículos da Ford no Brasil deixou cerca de 5 mil desempregados. De acordo com Bonfim, a multinacional ainda não negociou como acontecerá o processo de demissão, tampouco discutiu formalmente com os sindicatos questões de rescisão e indenização.
– Ninguém voltou porque o que a Ford fez foi um tapa na cara. Não negociou nada com a gente e pede para a gente retornar ao trabalho? Não dá – diz Bonfim.
Estimativas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) apontam que a saída da montadora deve ocasionar a perda de 118.864 mil postos de trabalho diretos e indiretos.
Nesse meio tempo, o governo tem avaliado um segundo plano, a fim de buscar empresas de outros setores para assumirem as fábricas fechadas da Ford. Segundo Gustavo Ene, secretário do Desenvolvimento de Indústria, Comércio e Serviços do Ministério da Economia, a estratégia pode ser adotada caso concorrentes do setor automotivo não demonstrem interesse.
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