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Favelas: 68% dos moradores não têm dinheiro para comida

Dados são de um estudo feito com moradores de 76 favelas no país

Monique Mello - 17/03/2021 14h25 | atualizado em 17/03/2021 15h54

Complexo de favelas do Chapadão, no Rio de Janeiro
Complexo de favelas do Chapadão, no Rio de Janeiro Foto: Reprodução/ONG Viva Rio

Pesquisa realizada para medir os impactos da pandemia de Covid-19 entre as pessoas que moram em favelas mostra que 68% delas não tiveram dinheiro para comprar comida ao menos um dia nas duas semanas anteriores ao levantamento. Os dados são do Instituto Data Favela, em parceria com a Locomotiva – Pesquisa e Estratégia e a Central Única das Favelas (Cufa).

O estudo revela que muitos moradores da favelas não conseguem fazer duas refeições por dia. Além da falta de dinheiro para comprar comida, o levantamento mostra que o número de refeições diárias dos moradores das comunidades vem caindo: de uma média de 2,4, em agosto de 2020, para 1,9, em fevereiro.

A pesquisa contou com 2.087 pessoas maiores de 16 anos, em 76 favelas, em todas as unidades da federação, no período de 9 a 11 de fevereiro de 2021. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais.

– Os dados são hoje os mais preocupantes desde o início da pandemia. Nós monitoramos, durante o último ano, praticamente todos os meses a situação das favelas, e, em nenhuma das pesquisas, o dado foi tão preocupante [quanto] esse, seja no número de pessoas sem poupança, seja no número de pessoas com falta de dinheiro para comprar comida, seja na redução do número de refeições – destacou o presidente do Instituto Locomotiva e Fundador do Data Favela, Renato Meirelles.

Renato Meirelles é fundador do Instituto Data Favela Foto: Reprodução

De acordo com o levantamento, 71% das famílias estão sobrevivendo atualmente com menos da metade da renda que obtinham antes da pandemia. A pesquisa mostra ainda que 93% dos moradores não têm nenhum dinheiro guardado.

– O principal impacto é na geração de renda. Como tem um grupo grande de trabalhadores informais e teve uma dificuldade, no período inicial, de chegar o auxílio emergencial lá dentro, o impacto na renda [dessas pessoas] foi gigantesco, e isso trouxe a fome. Mas a fome é consequência da ausência de renda – ressaltou Meirelles.

Outro ponto levantado é a importância das doações. Nove em cada dez pessoas receberam alguma doação durante a pandemia. E oito em cada dez famílias não teriam condições de se alimentar, comprar produtos de higiene e limpeza ou pagar as contas básicas, caso não tivessem recebido doações.

– É muito comum, nas pesquisas, ouvir a frase: “Na favela, se o seu vizinho tem comida, ninguém passa fome”. No sentido de que eles dividem o pouco que têm, mostrando uma solidariedade impressionante nesse cenário – disse Meirelles.

 

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