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Retorno ao trabalho presencial é mistura de medo e alívio

Profissionais relatam como se sentem com a retomada das atividades

Pleno.News - 11/08/2020 10h00 | atualizado em 11/08/2020 10h03

Retomada das atividades gera mistura de sentimentos em funcionários Foto: Reprodução

Álcool em gel, máscaras e turnos reduzidos são algumas das mudanças que marcam o retorno dos profissionais aos escritórios durante a pandemia. Mas, apesar das medidas sanitárias e do distanciamento social, nem todos se sentem seguros com essa volta.

Depois de três meses de home office, a assistente de produção Thais**, de 27 anos, voltou há três semanas ao escritório da produtora audiovisual onde trabalha. Para ela, que agora atua como freelancer na empresa (ela foi demitida há uma semana), o retorno misturou momentos de tranquilidade, por ver na prática as medidas de distanciamento social, com a sensação de insegurança, quando houve a suspeita de um caso de Covid-19.

– Há duas semanas, uma das pessoas com quem trabalhei estava com suspeita da doença. Fiquei na expectativa, me senti mal, fiquei com medo e aflita. No final, o teste deu negativo e estava tudo “ok” – conta.

JORNADA HÍBRIDA
Desde que voltou ao trabalho presencial, Thais ficou no máximo seis horas no escritório, em dias alternados. Nas últimas três semanas, não chegou a fazer dez visitas à produtora.

– Meu trabalho envolve mexer em papelada e não daria para fazer isso em casa. Mexo com verba e documentos que são importantes. Esperamos juntar um bom volume de papel para resolver e vir menos vezes – diz.

Segundo ela, metade dos colegas continuam em casa, e a empresa passou a pagar o transporte individual dos funcionários, o que a deixa mais calma. ​Outros profissionais, como o gestor de RH Alex Thomé Luz, de 32 anos, estão felizes com o trabalho presencial.

FELIZ POR VOLTAR À EMPRESA
Ele trabalha na área administrativa da empresa Digisystem e é o único funcionário a frequentar o escritório diariamente -e um dos primeiros a querer retornar, ainda em maio.

– Não me adaptei ao home office. Em casa, é difícil respeitar os horários regulares. Não tem ponto, não tem um gestor ali do lado. Se aparece uma demanda após as 18h, é difícil deixar para o outro dia – declarou.

A empresa fornece álcool em gel e produtos de limpeza para as mesas e realiza medição de temperatura na entrada e saída, “mesmo se for só para um cafezinho”. No início, a empresa financiou transporte individual de alguns funcionários, mas Alex preferiu usar transporte público.

– Conversei com a gerência e disse que o custo do Uber ficaria elevado, cerca de R$ 150 por dia. Entro mais tarde para que o metrô esteja mais tranquilo. Não vejo problema algum em vir de metrô – defendeu.

Não me adaptei ao home office

MEDO DO TRANSPORTE PÚBLICO
O transporte público é uma preocupação para alguns profissionais. A designer de interiores Ana** trabalha como projetista em uma loja de móveis de um shopping e se preocupa muito por causa dos pais. Ela usa o transporte público para fazer o trajeto da casa, na Zona Leste de São Paulo, até o trabalho, na Zona Norte.

– Já vi gente abaixando a máscara para tossir na mão e depois encostando na barra de apoio do metrô. É muito estressante. Fiquei com medo de ser demitida, mas estava muito mais tranquila em casa do que indo ao trabalho. Eu nem estava lendo notícias porque ficava em pânico – diz.

O trabalho remoto começou em abril, mas durou poucos dias: ela logo entrou no banco de horas e, em seguida, teve o contrato suspenso. No dia 13 de julho, com a reabertura do shopping, ela retornou ao trabalho 100% presencial, seis dias por semana, com folgas às segundas-feiras e a cada dois domingos. A loja em que trabalha disponibilizou álcool em gel, um kit de máscaras de tecido e um face shield para os funcionários.

Eu nem estava lendo notícias porque ficava em pânico

*Folhapress/Bárbara Blum
**Nomes trocados a pedido dos entrevistados

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