Leia também:
X Bolsonaro afirma que pode presidir o Aliança pelo Brasil

“Desmatamento não prejudica comércio com EUA”

Ministra da Agricultura afirmou que a agricultura brasileira que exporta está no Centro-Oeste, no Sul e no Sudeste do país

Henrique Gimenes - 18/11/2019 21h23

Ministra da Agricultura, Tereza Cristina Foto: Agência Senado/Marcos Oliveira

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou nesta segunda-feira (18) que “não faz o menor sentido” dizer que o aumento recorde do desmatamento na Amazônia poderia prejudicar a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, já que a produção para exportação brasileira se concentra em outras regiões do país.

Em visita a Washington para reuniões com analistas, empresários e integrantes do governo americano, a ministra admitiu ver problemas no avanço da destruição da floresta, mas disse que a expansão da agricultura brasileira “não depende do bioma amazônico.”

– De jeito nenhum. Não faz o menor sentido [dizer que o aumento do desmatamento poderia prejudicar as relações comerciais com os EUA]. A agricultura brasileira que exporta não é a agricultura da Amazônia de jeito nenhum. A gente precisa parar de falar isso. A agricultura brasileira que exporta está no Centro-Oeste, no Sul e no Sudeste do país – explicou.

A Amazônia Legal, porém, abrange o estado do Mato Grosso, localizado no Centro-Oeste e um dos recordistas em desmatamento.

Nesta segunda-feira (18), o governo brasileiro divulgou dados consolidados que mostram o aumento recorde, de 29,5% em 12 meses, do desmatamento na Amazônia.

Foram destruídos 9.762 quilômetros de floresta, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Juntos, os estados de Pará, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas representam 84% do total desmatado no período, cerca de 8.213 km². Somente o Mato Grosso é responsável por 17,2%.

A ministra afirmou ainda não ter visto os números em detalhes –somente as declarações de Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) sobre o tema–, mas afirmou que é preciso avaliar os índices “com conhecimento exato, sem achismo”, como um reforço de seu argumento para minimizar qualquer impacto dos índices na relação comercial entre Brasil e EUA, por exemplo.

Deputados americanos de oposição ao governo de Donald Trump, porém, já se manifestaram contra a política ambiental de Jair Bolsonaro –aliado do republicano– e chegaram a apresentar uma resolução no Congresso que pode dificultar os laços entre os governos.

Após o discurso do brasileiro na abertura da Assembleia-Geral da ONU, em setembro, em que o presidente exaltou a ditadura e negou o aumento das queimadas na floresta, democratas pediram que os EUA se opusessem a financiamentos do Banco Mundial e do BID a “projetos que possam contribuir com o desmatamento ou incêndios em florestas tropicais da região amazônica”.

Ainda pediam que o país cancelasse a designação do Brasil como aliado preferencial extra-Otan, que fora acertado em março durante visita de Bolsonaro a Washington.

Investidores estrangeiros também usavam os dados sobre o aumento da destruição da floresta como mais uma justificativa para atrasar o aporte de dinheiro no país –além dos baixos índices de crescimento.

Ao ser questionada sobre a disposição de Bolsonaro, que já questionou a veracidade dos dados sobre o desmatamento, usar os números desta segunda para investir em políticas públicas específicas na região, a ministra foi interrompida por Orlando Leite Ribeiro, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.

Ele disse que a reportagem estava “equivocada” ao dizer que o presidente questionou dados sobre o desmatamento.

– Ele não questionou a autenticidade dos dados, mas como esses dados foram avaliados – apontou.

*Folhapress

Leia também1 Bolsonaro afirma que pode presidir o Aliança pelo Brasil
2 Bolsonaro parabeniza seleção sub-17 por título mundial

Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.