Danone volta a reafirmar compra de soja brasileira após polêmica
Empresa sofreu ameaça de boicote
Pleno.News - 02/11/2024 12h03 | atualizado em 05/11/2024 12h52
A presidente da Danone para a América Latina, Silvia Dávila, divulgou, nesta sexta-feira (1º), nova nota de esclarecimento na qual reafirma não haver restrições à compra de soja brasileira na cadeia de suprimentos da empresa. É a terceira manifestação da companhia sobre o tema em uma semana.
– Reafirmamos que não há medidas restritivas na compra de soja brasileira na cadeia de suprimentos da Danone em todo o mundo – diz na nota, acrescentando que “a informação circulada sobre este tópico não é precisa” e que a soja brasileira “é um insumo essencial para nossos produtores de leite”.
– Isso se aplica não apenas à cadeia de suprimentos brasileira, mas também a outros países onde operamos – complementa o texto.
Dávila, que também integra o Comitê Executivo Global da Danone, havia se manifestado na quarta (30), por meio do LinkedIn da empresa, em uma nota mais extensa na qual reconhecia “o notável compromisso do governo brasileiro em preservar as florestas locais”.
A nova declaração ocorre após uma onda de críticas no Brasil, desencadeada por declarações do diretor financeiro da Danone, Jurgen Esser, que, em entrevista à Reuters, sugeriu que a empresa estaria optando por fornecedores asiáticos de soja em antecipação à legislação de combate ao desmatamento da União Europeia, a EUDR, que deveria entrar em vigor em janeiro de 2025.
A polêmica provocou reações imediatas de produtores brasileiros e de autoridades do setor agrícola. Na última terça-feira (29), a filial brasileira da Danone já havia divulgado um primeiro comunicado, assinado pelo presidente Tiago Santos, negando qualquer interrupção nas compras de soja nacional.
A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) classificou a postura da Danone como “um ato discriminatório contra o Brasil e sua soberania”. A entidade argumentou que os produtores brasileiros são “os únicos no mundo que preservam o meio ambiente para o Brasil e para a humanidade”, citando as exigências do Código Florestal.
O Ministério da Agricultura também se manifestou, afirmando que o Brasil não aceitará “restrições desproporcionais a produtos brasileiros” e criticando posturas consideradas “intempestivas e descabidas” por parte de empresas europeias. A pasta destacou que o país atinge “altos padrões” de sustentabilidade e mantém “compromisso com comércio justo e ambientalmente responsável”.
*AE
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