Campos Neto: “Desafios do Brasil são sempre ligados ao fiscal”
Presidente do Banco Central falou durante encontro do FMI com o Banco Mundial
Pleno.News - 06/04/2021 10h48 | atualizado em 06/04/2021 11h15
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, repetiu que os grandes desafios do Brasil estão sempre ligados ao aspecto fiscal e voltou a reforçar a necessidade de políticas que transmitam credibilidade sobre as contas públicas brasileiras.
– Conseguimos quebrar a dinâmica dos juros altos no Brasil quando conseguimos mostrar ao mercado que estávamos no caminho de uma convergência fiscal. Então, eu acho que é muito sobre o [aspecto] fiscal – afirmou Campos Neto, em participação no Encontro de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) com o Banco Mundial.
Novamente ele argumentou que o aumento da inflação recente no Brasil deve-se ao crescimento dos preços internacionais das commodities, enquanto o real tem se desvalorizado em relação ao dólar.
– Na verdade, o preço local das commodities cresceu muito… No caso dos itens de alimentação, como soja e milho, com o aumento da demanda asiática, sobretudo na China e na Índia. No caso dos metais, há programas de recuperação em diversos países. E, em relação ao petróleo, há o efeito da expectativa de um maior crescimento global – destacou opresidente do BC .
Campos Neto também ligou o auxílio emergencial (retomado neste mês de abril) à alta de preços de bens de consumo.
– Transferimos [uma] quantia alta de dinheiro que se tornou consumo. Os produtos na cesta das pessoas que receberam o auxílio tiveram uma alta maior de preços – afirmou.
Roberto Campos Neto voltou a classificar os choques inflacionários no Brasil como temporários, mas reafirmou que a autoridade monetária já enxerga a contaminação de outros núcleos inflacionários, por isso iniciou o atual ciclo de alta nos juros.
– Entre uma reunião e outra do Copom, a projeção para a inflação de 2021 saltou de 3,4% para 5,0%. A maior parte dessa diferença foi causada pelo efeito das commodities. Começamos a ver alguma contaminação em outros núcleos e começamos o que chamamos de processo de normalização parcial, o que é sempre difícil de explicar enquanto o país ainda sofre os efeitos da pandemia – afirmou Campos Neto no evento do Fundo Monetário Internacional com o Banco Mundial.
O presidente do BC repetiu a avaliação de que o Brasil continua demandando uma política monetária estimulativa, por isso o Copom tem chamado o novo ciclo de “normalização parcial”. Ele apontou que o emprego formal está se recuperando muito rápido, mas ressaltou ainda enxergar problemas na força de trabalho informal.
*Estadão
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