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Árabes têm interesse em vender mais fertilizantes para o Brasil

Países podem ampliar a exportação de fertilizantes para abastecer mais o mercado brasileiro

Henrique Gimenes - 07/03/2022 16h33 | atualizado em 07/03/2022 17h41

Países árabes têm interesse em ampliar exportação de fertilizantes para Brasil Foto: Pexels

Os países árabes têm interesse e potencial em ampliar a exportação de fertilizantes para o Brasil, avalia a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Esses países podem atender o Brasil com o fornecimento dos três principais nutrientes: nitrogenados, fosfatados e potássicos.

– Sem dúvida, há interesse da indústria árabe em vender mais para o Brasil. São países que podem abastecer o mercado brasileiro (…) Não acredito que esses países consigam substituir 100% o volume que a Rússia fornece ao Brasil, porque o mundo vai olhar para os árabes como o Brasil está olhando, mas uma fatia grande eles conseguem atender – disse o secretário-geral da Câmara, Tamer Mansour.

Entre os países que poderiam exportar maior volume que o fornecido atualmente ao Brasil, Mansour cita, especialmente, Marrocos, Egito, Jordânia, Omã e Catar.

– Eles possuem produção que seria suficiente para atender o Brasil. Se trabalhar o mercado com esses países, o país consegue compensar parte do volume que você perde ou que seria difícil de receber da Rússia no curto prazo (…) Em potássio, vemos muito potencial do Marrocos e Jordânia; pode ser um player novo também no fornecimento de cloreto de potássio – apontou Mansour.

Na opinião de Mansour, o volume que os países do bloco árabe poderão fornecer ao Brasil irá depender de o país sair na frente para negociações. Ele avalia que é preciso haver agilidade do Brasil na busca dos fornecedores árabes, já que outros países tendem a recorrer ao bloco por causa das incertezas quanto à oferta russa de fertilizantes, em decorrência da guerra da Rússia com a Ucrânia.

– Entendo que precisamos entrar agressivamente, porque, certamente, essa falta de fertilizante não será somente da Rússia para o Brasil, mas sim da Rússia para o mundo. Europeus também devem se ressentir dessa falta. Vejo que precisamos sair na frente para poder negociar com esses países – afirmou o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.

No ano passado, o Brasil importou 9,979 milhões de toneladas de adubos dos países da Liga Árabe, com desembolso de R$ 4,21 bilhões. O volume representa 24% do total importado pelo Brasil. A principal origem é o Marrocos, que ocupa o quarto lugar no fornecimento total de adubos ao país em volume, atrás de Rússia, China e Canadá.

A Câmara entregou um estudo completo na última sexta-feira à Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura sobre o cenário atual de produção de adubos dos 22 países do bloco e sobre o potencial de exportação da Liga Árabe para o mundo e para o Brasil.

– O documento mostra alguns países importantes, onde essa fatia da Rússia pode ser substituída rapidamente. Estamos mobilizados e trabalhando junto com as próprias embaixadas – explicou.

O estudo faz um diagnóstico da oferta dos países árabes, oportunidade de tipos de fertilizantes que o país pode importar do bloco que ainda não importa, quais nutrientes pode aumentar a importação, quais países árabes podem incrementar a exportação e até mesmo uma comparação de adubos importados da Rússia que poderiam ser adquiridos nos países árabes.

Uma reunião com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, é cogitada pela Câmara para abordar o assunto. Em paralelo, a entidade acionou as embaixadas árabes a fim de promover um diálogo com as empresas estatais fornecedoras de fertilizantes. Mansour considera importante uma eventual missão da ministra ao bloco para tratar do tema.

– Enxergo um relacionamento muito bom do Brasil com esses países. Hoje, existe uma boa relação governamental entre o Brasil e o mundo árabe. Confio plenamente na estratégia da ministra e a Câmara Árabe é parceira nisso – afirmou.

Outros reflexos
Em um cenário de efetivação das sanções econômicas sobre a Rússia e consequente redução no fluxo importador e exportador ao país, a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira avalia que pode haver um incremento na exportação de carne bovina do Brasil à Liga Árabe.

– Vejo um possível aumento de exportação de carne bovina do Brasil que seria comercializada à Rússia para países árabes – comentou.

Uma preocupação dos países árabes, em decorrência do conflito, é com o abastecimento de trigo.

– Enxergamos que haverá uma dificuldade muito grande em como os países árabes irão abastecer seu mercado pelo produto principal que é o trigo. Teremos um problema muito sério, uma vez que os países que mais consomem trigo no mundo são os árabes – disse Mansour.

Ele lembra que o Egito anunciou que tem estoque suficiente para o consumo local por nove meses.

– A Rússia e a Ucrânia sempre foram os países que abasteceram esse mercado com o trigo. Nesse mercado, vemos a Argentina como possível fornecedor, além da substituição do cereal por outros produtos, como quinoa – observou.

*AE

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