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Após Receita e BC, auditores do Trabalho também entregam cargos de chefia

Categorias cobram do governo a abertura de negociação para reajustes salariais

Pleno.News - 05/01/2022 21h11 | atualizado em 06/01/2022 10h36

Categorias cobram a abertura de negociação para reajustes salariais Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

A “crise” entre o governo Jair Bolsonaro e a elite do funcionalismo público federal continua se alastrando. Após os servidores da Receita Federal e do Banco Central entregarem seus cargos comissionados, mais de 150 auditores-fiscais do Trabalho já deixaram seus postos de chefia ou coordenação.

O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) reuniu-se, na terça-feira (4), com a cúpula do Ministério do Trabalho e Previdência para comunicar a insatisfação dos servidores que, assim como outras 36 categorias, cobram do governo a abertura de negociação para reajustes salariais.

O movimento começou após o presidente Bolsonaro anunciar em dezembro que faria uma reestruturação das carreiras policiais ligadas ao Ministério da Justiça, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. O governo chegou a reservar R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2022 para atender apenas às categorias de segurança.

Como no caso da Receita, os auditores do Trabalho cobram ainda a regulamentação do bônus variável por eficiência, que foi aprovado pelo Congresso Nacional há cinco anos, mas ainda não entrou em vigor.

– Embora tenha havido alguma sinalização para os servidores da Receita, ainda não chegou nada para nós. Não existe possibilidade de sair bônus variável para Receita e não [sair] para os auditores do Trabalho. Se isso acontecer, vamos para a maior mobilização da nossa história. Já fizemos greve e operação padrão em outras oportunidades – afirmou o vice-presidente do Sinait, Carlos Silva.

Ele aponta que os mais de 150 cargos de chefia e coordenação entregues representam cerca da metade dos 300 pontos de comando na estrutura da pasta.

– Esse número ainda vai aumentar. Deixamos claro para o ministério que a realidade que se apresenta para nós é de indignação em grau máximo. Não vamos mais aguardar outra oportunidade para que se regulamente o que está em lei. Já esperamos cinco anos – completou o sindicalista.

Segundo Carlos Silva, a entrega de cargos e a possível paralisação das atividades irão estrangular operações de combate ao trabalho escravo e ao trabalho infantil, a fiscalização da arrecadação do FGTS e da inserção de aprendizes no mercado de trabalho, além do enfrentamento a fraudes.

– Será um impacto significativo nesse momento em que o Ministério do Trabalho foi recriado para oxigenar as condições de emprego. Não é racional não atender a um pleito de aumento da eficiência. Somos 4.800 auditores do Trabalho prontos para endurecer esse movimento – acrescentou Silva.

Ele lembra que a categoria segue desde 2017 sem reajustes salariais.

Outras categorias
A mobilização por aumento salarial também avança dentro do Banco Central. Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, 1.200 funcionários sem cargos comissionados ou previstos para substituição já aderiram ao movimento – mais de um terço do total de servidores na ativa (3.500) -, comprometendo-se a não assumir funções de comissão.

Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), mais de 1.200 auditores já haviam entregado os cargos no começo dessa semana, em um total de 7.500.

Já a Associação Nacional dos Servidores Efetivos das Agências Reguladoras Federais (Unareg) enviou ofícios pleiteando a recomposição salarial a diversas autoridades federais, incluindo o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Bolsonaro

O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) aprovou, no fim de dezembro, um calendário de mobilização de servidores públicos por reajuste salarial, incluindo paralisações em janeiro – a primeira no dia 18 -, e assembleias, em fevereiro, para deliberar sobre uma greve geral.

*AE

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