Relembre: 10 fake news sobre a pandemia, espalhadas em 2020
Lista traz as principais notícias falsas do ano, relacionadas ao coronavírus
Pierre Borges - 23/12/2020 16h54
Mesmo antes do Brasil ser atingido pela pandemia do coronavírus, uma série de notícias falsas sobre o assunto começaram a ser espalhadas pelas pessoas. Algumas já não são mais tão citadas, mas ainda há quem acredite até hoje em muitas delas.
Veja se você já recebeu alguma dessas notícias e se desconfiou que alguma pudesse ser falsa. Lembrando que o Pleno.News denunciou muitas fake news durante o ano e que podem ser conferidas com mais detalhes clicando nas frases em azul, inseridas na matéria.
1 – Vacina altera DNA
O doutor em microbiologia e biologia molecular Leandro Lobo explica que as vacinas contra a Covid-19 que utilizam RNA mensageiro (mRNA), contém um gene, e não um DNA, o que impossibilitaria que qualquer alteração seja feita no DNA humano.
– Não é possível alterar o DNA de uma pessoa usando esse tipo de vacina porque não tem DNA ali. Então, o que precisaria acontecer [para que o DNA fosse alterado] é que esse RNA mensageiro passasse por um processo de transcrição reversa e fosse transformado de RNA pra DNA. Mas as nossas células não fazem essa transcrição reversa. Existem alguns organismos que fazem isso, mas as nossas células não fazem, por isso que essas vacinas são seguras – explicou.
2 – Vacina contém microchip
A notícia de que as vacinas contra o coronavírus possuiriam um chip para colher a “identidade biométrica” da população ou controlá-las por meio de antenas 5G também foi muito disseminada na web. Não há, porém, nenhum indício da presença de microchips em nenhuma vacina contra a Covid-19.
Um experimento feito pelo professor Mario Garizzo, quando lecionava na USP de São Carlos, utilizava de microchips injetáveis para desenvolver um revólver que só pode ser usado pelo seu proprietário, provando que a inserção de microchip através de vacinas seria possível.
Contudo, mesmo que um chip pudesse passar desapercebido por todas as agências regulatória de saúde de todos os países interessados nas vacinas, as tecnologias existentes atualmente, não operam com tecnologia 5G e não podem alterar o material genético de uma pessoa.
3 – Termômetro causa dano cerebral
O Dr. Haris Sair, diretor de neurorradiologia da Universidade Johns Hopkins, disse ao site da agência americana AP, que a glândula pineal não está localizada próxima à testa e sim nas profundezas do cérebro, a vários centímetros do tecido cerebral. Fora isso, os termômetros infravermelhos são projetados somente para captar temperaturas da superfície da pele, como confirmou o site Boatos.org.
O site Universion também publicou um texto, em parceria com a International Fact-Checking Network (IFCN), esclarecendo que aparelhos como o termômetro infravermelho não emitem radiação e, portanto, não causam danos à pele ou a qualquer área do cérebro.
É importante que as pessoas compreendam que termômetros infravermelhos apenas captam a temperatura corporal na superfície da pele e não enviam luz infravermelha ou comprimentos de onda para o corpo das pessoas. A disseminação do boato foi tão grande, que a maioria dos estabelecimentos passaram a aferir a temperatura dos clientes apenas pelo pulso.
4 – Máscaras oferecem risco à saúde
Uma das primeiras fake news acerca da pandemia alerta para o risco de hipóxia em casos de uso prolongado de máscara. A corrente de rede social afirma que a máscara causaria a retenção de gás carbônico (CO2) entre o rosto e ela própria, fazendo assim, com que o usuário de máscara respire CO2 no lugar de oxigênio.
A informação utiliza de linguagem científica para causar uma sensação de credibilidade inexistente em seu conteúdo. Para que ocorra o efeito descrito na mensagem, as máscaras precisariam ser completamente vedadas à pele e feitas de um material que não permite a passagem de moléculas de ar, que não é o caso dos tecidos. Lembrando que as partículas do vírus são maiores do que as partículas de ar, então um material pode permitir a troca de ar e, ao mesmo tempo, bloquear o vírus.
5 – Laudo falso do primo do porteiro
A informação de que um porteiro morreu em um acidente e que em seu atestado de óbito tinha como causa a Covid-19 foi replicada em diversas redes sociais, no entanto, a informação é falsa.
Em algumas postagens, o rapaz que morreu seria um porteiro. Em outras, seria caminhoneiro. Em outras, borracheiro. O CPF, entretanto, não corresponde com o nome informado em algumas das imagens passadas nas redes sociais.
6 – Caixões vazios em valas comuns
Outra fake news muito compartilhada traz a denúncia de que governadores estão ordenando que caixões vazios sejam enterrados para assim aumentar o número de óbitos pela pandemia.
Uma das imagens seria atribuída ao Amazonas, que é um dos cinco estados brasileiros com o maior número de infectados. Uma delas mostra um caixão vazio com um travesseiro, mas a foto é de 2017 e se refere a uma investigação sobre um golpe de seguro de vida que aconteceu na cidade paulista de São Carlos.
Uma mulher que gravou um vídeo espalhando a fake news foi indiciada em agosto por denunciação caluniosa e pediu desculpas.
7 – China espera autorização para matar 20 mil pessoas com coronavírus
Uma das notícias falsas espalhadas durante a pandemia é de que a China estaria buscando aprovação do Supremo Tribunal Popular do país para assassinar 20 mil pacientes infectados pelo coronavírus. O objetivo da medida seria impedir o espalhamento do vírus.
No entanto, a embaixada da China no Brasil negou a informação e nada relacionado ao assunto pôde ser encontrado no site do Supremo Tribunal Popular da China.
8 – Boicote reduziu em 78% as importações da China
O boato de que um boicote à China, como forma de protesto à pandemia do coronavírus, teria reduzido as importações do país em 78% se espalhou pelas redes sociais. Todavia, trata-se, novamente, de uma informação falsa.
De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, a importação de produtos da China teve uma queda de 6,9% entre janeiro e julho de 2020, na comparação com o mesmo período do ano passado. Um número bem menor que o apontado pela publicação.
Além disso, de acordo com a Pasta, a queda nas importações de outros países foi ainda maior: Estados Unidos (-12,2%), União Europeia (-12,8%) e Argentina (-31,9%), por exemplo.
9 – O vírus não sobrevive em temperaturas superiores à 27º C nem em água salgada
Logo que começaram a surgir os primeiros infectados no Brasil, a informação de que temperaturas superiores à 27º C matariam o vírus foi amplamente divulgada nas redes sociais. O texto também recomendava que as pessoas fizessem gargarejo com água salgada.
A Unicef desmentiu ambas as informações em seu site oficial e alertou que “propagar informações falsas aumenta a paranoia, o medo, além de fazer com que as pessoas estejam menos protegidas e mais vulneráveis ao vírus.”
10 – Vídeo de pastor diante de fotos de fiéis mortos pela Covid-19
O vídeo de um pastor entrando em uma igreja com as fotos de vários fiéis espalhadas pelos bancos viralizou na internet. As mensagens enviadas com o vídeo sugerem que o registro foi feito na Polônia ou na Itália e os retratos seriam de todos os membros que morreram por causa do coronavírus.
O conteúdo das imagens é real, mas a história é completamente diferente. A filmagem foi feita, na verdade, na Igreja Batista Salem, na cidade de Lake, no Mississippi (EUA). Como o pastor Larry Duncan vinha pregando para a igreja vazia enquanto os cultos eram transmitidos pela internet, os membros tiveram a ideia de enviar suas fotos e fazer uma surpresa ao dirigente da igreja.
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