É possível sobreviver a um infarto apenas tossindo?
Mensagem circulou nas redes sociais, mas pode piorar a saúde do indivíduo
Rafael Ramos - 11/07/2019 15h27
Uma mensagem que está circulando em grupos de WhatsApp orienta as pessoas a tossirem de forma repetida e vigorosa diante de um princípio de infarto. O texto diz que a medida indicada por um cardiologista acalma o ritmo cardíaco e garante mais tempo à vítima até a chegada do socorro.
Entretanto, essa é mais uma das várias fake news disseminadas na grande rede. Informações da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, provam que a tosse é ineficaz nesses casos. O médico Agnaldo Piscopo, que é diretor de emergências da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), orienta que o certo é ligar imediatamente para uma emergência ao primeiro sinal de um infarto.
– Coloque-se em um lugar visível, não dirija o próprio carro, torça para que a ajuda chegue o mais rápido possível e para que a pessoa que esteja com você esteja preparada para fazer ressuscitação cardiopulmonar (CPR) caso você tenha uma parada cardíaca. A chegada rápida de um desfibrilador e as compressões torácicas são as únicas medidas que podem aumentar a chance de sobrevida – afirma Piscopo.
O cardiologista ainda explica que o sintoma principal de um infarto é a dor no peito. Há chances de ela vir em forma de aperto, queimação, irradiando para o braço, acompanhada de suor frio e de uma sensação de desmaio. Agnaldo Piscopo acredita que essa fake news surgiu de uma má interpretação do que acontece em ambiente hospitalar.
– Quando estamos com o paciente monitorizado e a frequência cardíaca cai, a gente pede para ele tossir. Isso produz alguns batimentos cardíacos a mais em caso de bradicardia extrema e pode gerar uma resposta adequada. Por isso, essa autoajuda acaba viralizando na internet. Na maioria das vezes, ela não vai prejudicar o paciente, mas também provavelmente não vai ajudar.
Outro motivo da confusão seja a chamada Manobra de Valsava. De acordo com o médico, ela consiste em fechar a boca, apertar o nariz e forçar a saída de ar para liberar substâncias capazes de reduzir o estímulo no coração e interromper um certo tipo de arritmias.
– A manobra de Valsalva não tem eficácia nesse caso e pode até piorar o retorno venoso, fazendo a pessoa desmaiar mais rápido. Então nem tossir nem a manobra de Valsalva são caracterizadas como primeiros socorros para um paciente que estiver tendo sensação de desmaio decorrente de um problema cardíaco – conclui
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