Gabriela Doria - 13/09/2017 10h00 | atualizado em 13/09/2017 10h26

Sabe aquela vontade que todo mundo tem, em algum momento da vida, de largar tudo e viajar o mundo? Pois o casal Rachel e Leonardo Spencer, também conhecidos como Chel e Leo, levaram a ideia a sério e se jogaram por aí. Donos da página Viajo Logo Existo, uma das maiores páginas brasileiras sobre viagem, o casal paulista já acumula mais de 650 mil seguidores, que esperam ansiosos os relatos da aventura do momento e as fotos que tiram o fôlego de qualquer um. Hoje, eles já comemoram quatro anos na estrada e estão na campanha “Rumo aos 100 países”.

Em entrevista ao Pleno.News, Chel e Leo contaram como começou a empreitada.

– A ideia de viajar o mundo surgiu em 2012, quando eu vi, num livro, um casal que tinha viajado o mundo de carro. Aquilo mexeu comigo. A partir daquele dia, eu falei “puxa, é o que eu quero para minha vida”. Foram 11 meses do dia em que lemos o livro até a gente cair na estrada – conta Leo.

Entretanto, havia muita coisa em jogo. Chel e Leo estavam em bons empregos na área financeira de um grande banco, havia a família e os amigos que poderiam não entender muito bem a decisão, além da falta de experiência em se aventurar pelo mundo de carro.

– Foi muito complicado o processo de ruptura, mas, pra gente, era muito claro de que era o nosso sonho, que a gente tinha que correr atrás dele. Se ficássemos aqui, seria para ganhar mais dinheiro e não para correr atrás dos nossos sonhos.

Hoje, o casal pode ser considerado expert em viagens ao redor do mundo, mas, o início não foi tão fácil assim.

– A gente nunca tinha acampado e nem dormido em carro, também não gostávamos de dirigir e não sabíamos nada de mecânica. Mas, o maior desafio foi ter a perseverança e a determinação de chegar até o final da primeira volta ao mundo. Ela demorou 43 meses, passamos por 78 países e dirigimos 130 mil quilômetros. E, tudo isso, para um casal recém-casado, convivendo 24 horas por dia juntos e passando por uma das crises financeiras mais severas do Brasil. Quando a gente começa a empreender num momento de crise, ganhar dinheiro é um desafio enorme!

Mas eles foram assim mesmo. E, de país em país, o casal coleciona aprendizados e experiências marcantes.

– A gente estava há 6 ou 7 horas na fronteira do Congo com a Ruanda, sem conseguir entrar, pois os passaportes estavam retidos. Era uma situação precária. De repente chega uma pessoa, vestida com roupas normais, nos cumprimenta, diz que vai nos ajudar. Fica uma hora lá dentro e sai com nossos vistos. Agradecemos, achamos que era algum funcionário da imigração. Alguns dias depois, descobrimos que ele se chamava Emmanuel de Merode, um príncipe belga que tinha abdicado dos títulos da realeza para ser diretor de Parque Nacional de Virunga. Ele vive em função de proteger os gorilas que estão em extinção.

São histórias inusitadas como a do encontro com o príncipe belga que o casal divide nas redes sociais; o maior canal de comunicação que eles mantêm com o público e também serve como um diário de bordo.

– É por meio das redes sociais que a gente consegue dividir um pouco da nossa experiência de vida, da forma como a gente vê as coisas no mundo. É também a forma como gostaríamos de ajudar as pessoas a enxergar, com a mesma leveza, a diversidade das coisas. Queremos mostrar que correr atrás dos sonhos com planejamento, paciência e persistência, é algo possível! A gente gasta boa parte do nosso tempo focando nas redes para poder suprir essa vontade dos nossos seguidores de conhecer mais os países e nossa história de vida.

No momento da entrevista, Chel e Leo tinham acabado de testemunhar o fenômeno da Aurora Boreal, no Alasca. De acordo com eles, a experiência foi surpreendente! Entretanto, o casal diz não ser possível definir qual foi o lugar mais incrível que visitaram.

– Não existe um consenso. Para montanhas, eu digo que o Canadá é maravilhoso. Para praias, a grande barreira de corais da Austrália é incrível. A China é surpreendente e a Índia é maluca. O Alasca, de onde estamos voltando agora, surpreendeu com a Aurora Boreal… A gente gosta de manter uma pluralidade nessa resposta, porque o mundo é muito bonito! E seria uma injustiça querer determinar um só lugar que encantou a gente ao longo de quatro anos viajando pelo mundo.

E se você está se peguntando se há algum país que frustrou o casal de paulistanos, Leo garante que não.

– Não sei se é porque somos otimistas ou se levamos as coisas numa boa, mas não teve nenhum país com o qual nos decepcionamos. A verdade é que, quando você está viajando por muitos anos, como a gente faz, você se desmonta um pouco das expectativas dos lugares. Você chega de coração e cabeça abertos para viver aquela experiência. Aqueles países dos quais tínhamos grandes expectativas, como Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Quênia etc., não só atenderam às expectativas como surpreenderam também!

E, embora a ideia de fazer as malas e sair por aí possa soar como uma inconsequência ou coisa de gente imprudente, o casal é taxativo em dizer que o planejamento é a base da aventura.

– Nossa dica é para que as pessoas se planejem, estudem, façam movimentos calculados e tenham paciência. Às vezes, as coisas não acontecem na velocidade que a gente gostaria, mas, se você tiver um bom plano, vai conseguir entender melhor o desenrolar das coisas, o passo a passo. E vai vislumbrar melhor quando as coisas vão virar pro seu lado. Porém, muitas vezes a gente erra e precisa mudar a estratégia. O importante é ter muito planejamento, paciência, determinação e não desistir jamais – finaliza Leo.

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