Pierre Borges - 18/12/2020 13h18 | atualizado em 18/12/2020 19h13

O fim de ano é um período de festas. Nas últimas datas comemorativas do ano, as famílias e os amigos se reúnem para dar início a um novo ciclo. Durante todo o mês de dezembro, propagandas temáticas invadem as ruas e os meios de comunicação, as casas ficam adornadas com luzes pisca-piscas, os shoppings são redecorados de vermelho, e o bom velhinho está sempre presente ali para tirar fotos com as crianças. Parece que o mundo gira em torno do Natal e do Réveillon.

Você já imaginou ter que competir com essas datas para comemorar o seu aniversário? Nem precisa! Confira entrevistas exclusivas que o Pleno.News fez com pessoas que nasceram no Natal ou no Ano Novo.

As peculiaridades para os aniversariantes dessas datas já começam no nascimento. A aniversariante Natália Lopes, 34, contou que sua a família levou parte da ceia de Natal para sua mãe, na maternidade, e que até mesmo o seu nome foi alterado para combinar com a data.

– Eu não ia nascer em dezembro, eu ia nascer em janeiro. E meu nome não ia ser Natália, acho que ia ser Fernanda. Aí, como nasci no dia 24, meu pai achou que seria interessante e, quando foi [me] registrar, colocou Natália. Eu acho que esse nome nem era cogitado [antes] – comentou.

O aniversário de 5 anos de Natália foi temático do Papai Noel

Enquanto isso, Fabia Alves, 47, que nasceu no dia 1º de janeiro, desconfia da sobriedade de sua mãe durante o parto.

– Estava todo mundo na rua, e minha mãe, em casa. Quando meu pai chegou, ela começou a passar mal, e eles foram para maternidade umas 6h da manhã. Eu nasci às 18h, de cesariana, e, quando minha mãe acordou, não lembrava de nada; só chamava pela mãe dela. Eu acho que minha mãe tomou umas, porque, quando eu cheguei no quarto, ela não lembrava que eu tinha nascido – comentou.

Questionada sobre as vantagens e as desvantagens que enxergava no seu aniversário, Fabia foi incisiva:

– A vantagem é que quem decide o programa sou eu, e a desvantagem é que nem sempre tenho as melhores ideias. Daí sou cobrada o ano todo – disse.

Uma das dúvidas mais comuns sobre quem faz aniversário em datas como Natal e Réveillon é se essas pessoas ganham dois ou apenas um presente.

Victoria Barboza, 21, que nasceu no dia 25 de dezembro, contou que já não ganha dois presentes há muito tempo. Quando perguntada, ela riu e respondeu:

– Antigamente eram dois… quando eu ainda acreditava em Papai Noel – brincou.

Depois disso, Victoria contou que só recebeu dois presentes uma vez: quando o primeiro deles foi um pisca-pisca, dado para fazer uma brincadeira com ela. Victoria disse que o presente conseguiu ter menos utilidade do que uma meia.

Victoria também citou a ausência dos convidados como aspecto negativo de aniversariar no Natal.

-Antigamente eu achava muito chato porque parece que todo mundo tem o seu dia, e eu não. Eu comemoro no dia mesmo, inclusive não aguento mais ver especial do Roberto Carlos. Odeio! (risos). Nossa! Já levei muito bolo, até porque não é um dia [em] que todo mundo pode [ir à sua festa]. Mas, hoje em dia, eu sou mais de boa com isso até porque, muitas vezes, não é culpa da pessoa não poder comparecer – afirmou.

NEM TUDO SÃO FLORES
Igor Wing, 19, nasceu no dia 25 de dezembro e também já sofreu com o “bolo” dos convidados. Ele conta que chegou a fazer um churrasco para comemorar o aniversário, porém das 22 pessoas que ele chamou, apenas 4 compareceram.

– Várias vezes meus amigos se esquecem completamente do meu aniversário e nem sempre um “Feliz Natal” eu recebo. É complicado fazer qualquer coisa pra comemorar porque, como é final de ano, tá sempre todo mundo ocupado. Frustração é o que não falta – disse.

Devido à dificuldade em mobilizar as pessoas, Rosângela Lopes, 40, que nasceu no dia 24 de dezembro, já não comemora mais o próprio aniversário há 25 anos.

– Não tem como porque é época de festas. Às vezes, as pessoas se esquecem do seu aniversário. Passa batido. Parei de comemorar depois dos meus 15 anos – comentou Rosângela, que afirmou que sente muita falta de comemorar o aniversário.

Além de receber apenas um presente de aniversário, Igor ainda comentou sobre um que se destacou negativamente:

– Eu queria passar o meu aniversário em casa, e meus pais resolveram viajar. Eles me obrigaram a ir com eles e falaram que a viagem já era meu presente de aniversário. Fiquei triste – lamentou.

Tanto Rosângela quanto Igor não enxergam nenhum ponto positivo em fazer aniversário no Natal. Igor comentou que o único acontecimento engraçado é quando as pessoas se confundem quanto a desejar Feliz Natal ou Feliz Aniversário.

– O mais engraçado é quando alguém vem falar comigo e não sabe se me dá parabéns ou Feliz Natal. Fora isso, não tem nada fora do normal porque eu sempre passo meu aniversário/Natal com as mesmas pessoas – disse.

Outra reclamação de Heloísa é que a sua personagem, Lili, também faz aniversário junto com ela e recebe mais felicitações do que a própria

Heloísa Nascimento, 42, interpreta a personagem Lili, do grupo gospel Os Arrebatados e faz aniversário no dia 31 de dezembro. Heloísa disse que a situação também é recorrente com ela.

– Receber 30 [votos de] “feliz ano novo” e nenhum “parabéns” é normal. Situação [comum] é a pessoa falar “Deus abençoe; um ano novo maravilhoso pra você”, eu dizer “obrigada”, e aí a pessoa desligar e depois ligar de volta [dizendo] “ih! Desculpa! É seu aniversário também, né! Feliz aniversário” – afirmou.

Heloísa contou que nem a própria avó se lembra rápido de seu aniversário.

– Ela tá velhinha também, mas fala: “Feliz ano novo. Deus te abençoe, te dê muita saúde, muita paz, muita felicidade… Você também tá fazendo aniversário hoje, né? Ah é, menina, então feliz aniversário…” aí repete tudo de novo. Mas primeiro vem o “feliz ano novo”, a prioridade é essa – reforçou

Outra reclamação de Heloísa é que a sua personagem, Lili, também faz aniversário junto com ela e recebe mais felicitações do que a própria.

– Eu sou a atriz que dá vida à personagem da Lili dos Arrebatados. Na verdade, ela recebe parabéns, mas eu não recebo nada, entendeu? As redes sociais, as pessoas, os fãs, os ouvintes [da rádio], todos dão parabéns pra Lili. Mas não é pra mim, é pra Lili. É mais uma frustração na minha vida, mas eu tiro de boa – disse.

FERIADO EXCLUSIVO
Assim como o Papai Noel, uma outra invenção também pode confortar o coração das crianças que fazem aniversário no Ano Novo. A mãe de Heloísa, por exemplo, contava para filha que os fogos e as festas de fim de ano eram em sua homenagem.

– No fundo, eu sabia que tinha alguma coisa errada. Minha mãe me falava “olha esses fogos, essa festa; é tudo pra você”. Eu me achava, sabe? Depois que eu tive entendimento de gente, falei: “minha mãe me enganou a vida toda”. Mas continuo me achando, porque ainda acho que o mundo inteiro para por minha culpa. Pra mim, não importa se é Réveillon, é o meu aniversário. Ninguém trabalha nesse dia, tá todo mundo feliz, tem comida na casa de todo mundo, eu não convidei ninguém pra comer na minha… Tá tudo certo no final – comentou.

Embora não tenha sido enganada, Cloé Villar, 23, também gosta da festa e de ter o Réveillon coincidindo com seu aniversário. Ela destaca o clima festivo e a queima de fogos, que descreveu como “praticamente em sua homenagem”. Além disso, Cloé até chegou a receber felicitações de desconhecidos na praia.

– As pessoas começaram a me dar parabéns antes de gritar “feliz Ano Novo!”. Na vez em que passei a virada [de ano] em Copacabana, pessoas estranhas me deram um super parabéns sem eu nem conhecê-las (risos) – lembrou.

Cloé ainda afirmou que seus pais já organizaram uma festa de Ano Novo para toda a família e, “coincidentemente”, a festa também era para ela.

Heloísa, intérprete da Lili, destacou que a importância maior é que os familiares mais próximos se lembrem do aniversário dela.

– O mais importante é que a família não esqueça. O dia em que meu marido esquecer, não sei o que eu faço… Mas ele nunca vai esquecer, ‘que ele não é doido – concluiu.