Rafael Ramos - 06/09/2019 15h41

Promovida desde 2015, através de uma ação conjunta entre o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a campanha do Setembro Amarelo vista conscientizar a população pela prevenção do suicídio. Entretanto, o primeiro dia do mês foi marcado por uma polêmica em torno do tema envolvido o influencer Carlinhos Maia.

Em um dos vídeos publicados pelo humorista nos Stories, ele comenta sobre adolescentes de 16 anos que às vezes o procuram dizendo que estão querendo se matar. De forma ríspida e direta, Carlinhos os chamou de imbecis e disse para eles se matarem já que nem começaram a vida. O comentário gerou revolta nas redes sociais e muitos usuários acusaram Maia de gerar um desserviço em pleno mês da campanha.

Em julho, um caso que gerou comoção foi o suicídio da vlogueira Alinne Araújo. Um dia antes de tirar a própria vida, a jovem de 24 anos se casou sozinha após dizer que foi abandonada pelo noivo Orlando Costa. Alinne foi vítima de um verdadeiro linchamento virtual e acabou pulando do nono andar do prédio onde morava no Rio de Janeiro.

Em meio a toda consternação, a esposa do jogador Thiago Silva, Isabelle Silva, causou revolta ao publicar um vídeo afirmando que Alinne “se matou porque quis porque suicídio é uma opção, a depressão não”. Além disse, ela disse que a jovem ia queimar no mármore do inferno.

Até mesmo o apresentador Raul Gil foi criticado pelo público por causa do tema. Ele sofreu um baque com a notícia de que a cantora Yasmin Gabrielle, de 17 anos, que foi um dos talentos revelados em seu programa. Raul lamentou o ocorrido e desabafou que Deus não aprova essas coisas, mas tinha certeza que a menina foi perdoada. Tal declaração não foi bem recebida por alguns telespectadores e acusaram Raul Gil de fazer mídia em cima da morte da jovem.

Outro caso que gerou controvérsias aconteceu em janeiro de 2018 envolvendo o youtuber norte-americano Logan Paul. Com quase 20 milhões de inscritos, Logan teve seu contrato cancelado com a plataforma de vídeos do Google após filmar e fazer piadas ao encontrar o corpo de um suposto suicida na Floresta Aokigahara, também conhecida como “floresta do suicídio”, no Japão.

Após toda a polêmica, Logan Paul pediu desculpas através do Twitter. O youtuber admitiu que tratou equivocadamente um assunto que exige seriedade como é o suicídio.

CUIDADO COM OS GATILHOS
Diante dessas declarações polêmicas, a psicopedagoga Débora Luz falou ao Pleno.News sobre a importância de se estar atento com o que se fala. Qualquer palavra colocada de forma errada pode ser um gatilho que irá gerar força para que o indivíduo com pensamento suicida leve esse sentimento às vias de fato.

– A pessoa com pensamento suicida já tem um desejo predisposto a acontecer, então qualquer coisa que consiga atingi-la, seja de forma positiva ou negativa, pode ser um gatilho. Às vezes, mesmo sem intenção, o interlocutor acaba fazendo com que qualquer memória mexa com essa pessoa. Minha maneira de falar pode demonstrar uma forma de amor ou algo agressivo e essa pessoa pode se sentir ainda mais inferior e aumentar a sensação de que precisa acabar com esse sofrimento.

Débora também ressaltou a necessidade da sociedade desenvolver empatia pelo outro. Apesar de ser algo nem sempre fácil, sempre é bom que cada um se coloque no lugar do próximo.

– A gente nunca sabe o mal que o outro está planejando ou sofrendo. Então, aquilo que nós pudermos fazer pelo bem do outro precisa ser trabalhado. A palavra é muito forte e gera vida ou morte. Então, devemos observar quais são as palavra que têm saído da nossa boca.

BUSQUE AJUDA
No Brasil, o Centro de Valorização da Vida é uma das instituições que dão apoio emocional e trabalham para prevenir o suicídio. Para pedir ajuda ligue para o número 188 ou acesse o site.

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