“Roleta-russa”: Especialista alerta para riscos da prática
Além das consequências como ISTs e gravidez, também há riscos de problemas emocionais
Leiliane Lopes - 20/04/2025 15h20 | atualizado em 21/04/2025 15h40

O relato da professora Andréa Vermont sobre uma festa entre adolescentes, onde uma aluna de 13 anos engravidou após participar da chamada “roleta-russa do sexo”, causou indignação nas redes sociais. O caso ocorreu em uma escola particular com mensalidades acima de R$ 2 mil e levanta um alerta sobre a saúde e o bem-estar dos jovens.
A psicanalista, sexóloga e terapeuta de casais dra. Virginia Pelles analisou o episódio em entrevista ao Pleno.News e afirmou que se trata de uma prática de “profunda incompreensão da saúde” e que reflete uma “falta de responsabilidade, um desrespeito consigo mesmo”. Segundo ela, trata-se de uma atividade sexual “totalmente desprotegida”, com risco elevado de infecções e gravidez precoce.
Além das questões físicas, Virginia destaca o impacto psicológico:
– Isso pode gerar um impacto na vida desses adolescentes a longo prazo, na sua saúde sexual e até na saúde mental, provavelmente com consequências nos relacionamentos, também traumas psicológicos.
A profissional aponta para a possibilidade de pressão social entre os participantes.
– Talvez uma pessoa não queria participar ativamente disso e acaba que, por uma pressão dos amigos, acaba participando.
Ela chama atenção ainda para o papel da família e da escola.
– Os pais provavelmente deixaram eles irem. Talvez alguns sabiam que teria meninos e meninas, outros achavam que seria só meninos ou só meninas. A gente precisa parar pra pensar: na casa de quem foi? Onde estavam o pai e a mãe, já que são adolescentes de 13 anos? Não havia supervisão? O que aconteceu? Que confiança é essa que deixaram todo mundo no quarto? Como isso se desenvolveu? (…) A gente precisa de uma educação sexual urgente! – afirma.
A especialista também alerta para a ausência de supervisão em uma festa com tantos adolescentes sozinhos.
– São adolescentes de 13 anos. Nessa faixa etária, quem não estava supervisionando? O que aconteceu? Que confiança é essa?
Por fim, Virginia reforça a urgência de um movimento social em torno do tema.
– Estamos vivendo um grande dilema. Eles têm acesso a todas as informações com a inteligência artificial e com a tecnologia. Mas as informações são dadas por vários tipos de pessoas sem qualificação profissional.
Outro ponto citado pela especialista é como a fala dessa professora viralizou, isso pode gerar interesse para que outros adolescentes comecem a praticar esse tipo de roleta-russa, portanto, ela sugere uma reação da sociedade.
– A gente precisa, como sociedade, gerar algum movimento. Alguém tem que fazer alguma coisa, porque é uma situação muito preocupante e da forma que foi a público, infelizmente, isso vai incentivar outros jovens a fazer isso.
FIQUE ATENTO AO SEU FILHO E BUSQUE ESPECIALISTAS
Com filhos adolescentes, a dra. Virginia também oferece um olhar atento sobre o cotidiano das famílias. Ela ressalta que muitos pais tentam acompanhar o que os filhos consomem ou vivenciam, mas nem sempre conseguem.
Ela cita que a escola funciona como um espelho da sociedade, onde os jovens enfrentam tensões como bullying, exclusão e disputas de poder.
– Eles passam grande parte do tempo ali, mas com uma série de tensões e problemas, incluindo bullying, que muitas vezes eles relatam pros pais e outras vezes não relatam.
Em casa, o cenário pode se repetir e os pais, mesmo com a rotina acelerada, devem participar da vida escolar para entender os sinais e buscar apoio quando notarem alguma diferença em seu comportamento.
– Os pais, numa rotina acelerada e por filhos de tamanho diferente, não participam de forma ativa na vida escolar. (…) A família, quando vê sinais, tem que buscar essa ajuda profissional para salvar esse adolescente, porque ainda está em tempo.
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