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Mercado de maquiagem ainda não satisfaz mulheres negras

Marcas norte-americanas oferecem mais produtos para pele negra do que as brasileiras

Jade Nunes e Gabriela Doria - 16/11/2017 10h10

Encontrar o tom de base ideal nem sempre é uma tarefa fácil. Mas caso a mulher seja negra, a procura pode ser mais difícil. Há pouco tempo, a maioria das marcas de maquiagem brasileiras não possuía tantos tons diferentes de base quanto as marcas internacionais. Mas o maquiador Daniel Wagner diz que essa realidade tem mudado:

– As marcas nacionais, atualmente, estão investindo sim. E os produtos têm boa qualidade. Até uns cinco anos atrás, quando realmente só se encontrava bases para negras em maquiagens importadas, eu dava a dica de usar uma base mais escura e misturar com uma gota de uma base no tom bege para chegar no tom ideal. Naquela época, as bases para pele negra eram quase sempre de tom quente, muito rosadas, e a maioria das brasileiras tem tom frio.

Já a maquiadora Daniele Da Mata, especializada em pele negra, aponta que o mercado nacional de cosméticos não oferece uma grande gama de produtos. Da Mata afirma que nos Estados Unidos há uma oferta de tons de bases para negras muito maior do que no Brasil e critica a posição do mercado brasileiro:

– A razão das empresas não investirem em bases para mulheres negras é racismo. O mercado ainda não acredita no poder de compra da mulher negra. Para eles, se é negro, é pobre.

Da Mata conta que a primeira vez que maquiou uma cliente negra foi em uma festa de debutante. Ainda no começo da carreira e sem o conhecimento que tem hoje, a maquiadora não acertou o tom da cliente e entrou em pânico. Depois do episódio, ela resolveu estudar e se especializar na área.

A profissional afirma que as marcas nacionais têm em torno de 10 a 12 tons de base no total, dos quais dois costumam ser para negras, enquanto nos EUA uma só marca costuma ter mais de 40 tonalidades no total, exemplo da nova marca da cantora Rihanna, a Fenty Beauty. Mesmo assim, Da Mata reconhece que o mercado brasileiro melhorou sim a oferta desse tipo de produto para o público negro. Algumas das bases que ela indica, entre nacionais e importadas, são: Base Líquida HD Vult cor M-20, Base Líquida Nars All Day Luminous Weightless, Base Líquida Natura Una e Base Líquida M.A.C Studio Fix Fluid.

A jornalista Louise Maiana também acredita que hoje seja mais fácil encontrar tons de base para mulheres negras no Brasil. E apesar de usar tanto marcas nacionais quanto importadas, ela afirma que a textura entre as duas é diferente.

– De fato, sempre existiu certa dificuldade para que o negro fosse inserido em algumas esferas da sociedade, inclusive, para se tornar referência nos padrões de beleza. Uma simples maquiagem ou um produto específico para cabelo afro, sempre foi uma dificuldade. Mas ao longo do tempo, depois de tantos esforços dessa minoria que milita para preservar suas raízes étnicas e culturais, o negro tem galgado mais espaço. Ainda existe um caminho a ser percorrido, lutas sociais, econômicas e políticas que devem ser travadas para que seja alcançada a igualdade entre as pessoas. Mas até lá, comemoramos as conquistas “pequenas ou grandes” (isso é relativo e depende da perspectiva de cada um) como, por exemplo, ter um corretivo e uma base adequada, que junto com um pó compacto maravilhoso e blush bronzeado, me deixam linda pra brilhar! – celebra.

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