Pleno.News - 12/05/2023 20h41 | atualizado em 15/05/2023 12h38

A campanha Maio Laranja faz uma conscientização sobre o enfrentamento e prevenção ao abuso e à violência sexual de crianças e adolescentes. A psicóloga Maria Rafart fez um alerta importante sobre o tema.

Segundo a especialista, o abuso sexual infantil pode acontecer de várias formas que não incluem necessariamente o contato físico: pode acontecer ao mostrar imagens erotizadas, ao falar sobre temas sexuais, ou ao induzir alguém a tocar o próprio corpo de forma inapropriada. Basta que haja uma pessoa de maturidade maior expondo a outra ainda imatura, a esse tipo de conteúdo.

– Muitos abusadores utilizam esta precoce exposição a conteúdos sexuais para dessensibilizar suas vítimas, e tornar os futuros abusos físicos mais naturalizados. Há cada vez mais relatos de crianças expostas a conteúdos de pornografia e ficando viciadas neste tipo de vídeos. Estas formas de abuso costumam passar despercebidas até para o próprio abusado. Contudo, o preço pago por esta precoce exposição a conteúdos sexuais cobra seu alto preço – disse Rafart.

E acrescentou:

– É triste perceber que crianças expostas ao sexo de forma precoce podem ter como consequência imediata do abuso uma hiper sexualização, uma naturalização da sexualidade em suas vidas. Isto as torna mais vulneráveis ainda, pois há uma tendência a achar que a vítima colaborativa não é vítima, e que estaria inclusive “provocando” o adulto abusador. O ciclo de abusos pode se repetir, fazendo o que se chama de revitimização, uma espécie de looping que vai deixando marcas cada vez mais profundas em uma criança que perdeu a inocência de sua infância cedo demais.

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