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Compreender os sinais pode salvar um possível suicida

Isolamento social e falta de cuidado com a aparência podem indicar que a pessoa não está bem

Rafael Ramos - 09/09/2019 18h05 | atualizado em 09/09/2019 18h21

Aos 17 anos, Mike Emme era um apaixonado por mecânica. Conhecido por sua personalidade caridosa, o filho do casal Dale e Darlene tirou a própria vida enquanto dirigia seu Mustang 68 pintado de amarelo. A cor, que viria a se tornar o símbolo da campanha de conscientização pela vida, foi usada em alguns cartões distribuídos no enterro do rapaz. Em comum, todas as pessoas próximas a Mike confessaram nunca ter percebido qualquer sinal que evidenciasse um desejo suicida.

Para a psicóloga clínica Fernanda de Albuquerque Fontes, que é pós-graduada em Psicologia Hospitalar, isolamento social, falta de vontade de fazer atividades que antes davam prazer à pessoa e impaciência são alguns sinais que precisam receber atenção dos familiares. Frases como “Queria dormir e não acordar mais”, “Vontade de sumir”, “Vou sair de casa e não vou voltar mais”, “Estou cansado de viver” e “Perdi a vontade de fazer qualquer coisa” também devem acionar o alerta.

– “Levanta da cama, para de graça!”, “Você não tem motivos pra estar triste”, “Sua vida é ótima, você está sendo ingrato” são frases que devem ser excluídas do seu repertório se você está querendo a melhora do indivíduo. Ao invés disso, procure entender o ponto de vista da pessoa que passa por isso, mostre que ela não está sozinha e que a vida dela importa! Um diálogo sadio sempre é um bom caminho. Ao perceber esses sinais, é importante ficar atento e procurar a ajuda de um profissional. Entender que transtorno mental, assim como qualquer outra doença, é real, não é fase e tem tratamento adequado – explicou Fernanda ao Pleno.News.

A psicóloga Claudia Melo, que tem formação em Terapia Cognitivo Comportamental, complementa que, embora não exista um padrão nesses sinais, geralmente o indivíduo usa frases soltas e apresenta dificuldades de olhar para o futuro.

– Geralmente, as pessoas começam a falar que a vida não tem mais sentido e não sabem qual a graça que as pessoas veem na vida. Às vezes, a pessoa começa um bate-papo perguntando se ela é muito importante ou o que fariam se ela fosse embora, deixando muito claro a vontade de não existir mais. Os sinais aparentes podem ser o consumo excessivo de álcool, automutilação, a falta de cuidado com a aparência, não busca os cuidados básicos de saúde. E nisso a pessoa vai criando situações para trazer algum tipo de prejuízo para ela própria, como dirigir bêbada ou procurar brigas – resumiu Claudia.

O DIÁLOGO É A MELHOR SAÍDA
A psicóloga clínica Fernanda de Albuquerque esclarece que nem todo depressivo é um suicida em potencial. De acordo com ela, os níveis de classificação do transtorno depressivo são leve, moderado e grave. Somente no grau considerado como grave é que a ideação suicida está presente. Ela orienta que esse tipo de assunto precisa ter espaço nas conversas em família.

– Os pais precisam ser amigos dos seus filhos e evitar dizer que é frescura ou que o adolescente não tem problema porque não tem contas a pagar. Essas falas muito comuns podem acabar prejudicando a vida do seu filho. O diálogo é a melhor saída através de uma conversa limpa, sem preconceitos e ironias. É importante saber como e quando falar. Ao notar sinais que não são de costume de seus filhos, pais e mães devem procurar ajuda de um profissional para avaliar e lhe orientar como agir.

Fernanda ainda instrui que pessoas em um quadro depressivo, muitas vezes, se sentem culpadas por estar dessa forma. Algumas entendem que, aparentemente, sua vida é ótima e não haveria motivos para estar assim, ou sentem vergonha, pois antes eram alegres e extrovertidas e hoje não se vêem mais dessa forma.

– Então, fiquem atentos as falas e atitudes. Muitos podem falar que estão bem para não querer preocupar ou chocar seus amigos e familiares. Por isso, é sempre bom procurar a ajuda de um profissional que consiga identificar melhor.

A psicóloga também explica que o ambiente onde a pessoa está inserida pode influenciá-la negativamente e afirma que é importante saber lidar com o outro e com o ambiente em que vive.

– Muitos ambientes não são favoráveis e acabam contribuindo para desencadear esses sinais e sintomas. Seja na escola com o coleguinha que pratica o bullying, no trabalho com aquelas pessoas que fazem algo para prejudicar, na faculdade com pessoas tóxicas que sugam sua energia ou até mesmo em casa quando os pais, cônjuge ou filhos não entendem sua situação e falam que é bobeira, frescura ou uma fase que vai passar. Tem situações e pessoas que precisamos nos afastar se não estão nos fazendo bem.

ATENÇÃO AOS SINAIS
Sempre fique atento se algum amigo ou parente apresentar alguns desses sinais. Procure ajuda profissional e preste apoio à pessoa, algo que será fundamental nesse processo:

1. Frases soltas, como “Queria dormir e não acordar mais”, “Vontade de sumir”, “Vou sair de casa e não vou voltar mais”, “Estou cansado de viver”, “Perdi a vontade de fazer qualquer coisa”;
2. Dificuldades de olhar para o futuro;
3. Consumo excessivo de álcool;
4. Automutilação;
5. Falta de cuidado com a aparência;
6. Não busca os cuidados básicos de saúde, como escovar os dentes ou tomar banho;
7. Cria situações que a colocam em perigo, como dirigir bêbada ou procurar brigas;
8. Isolamento social;
9. Falta de vontade de fazer atividades que antes dava prazer a pessoa;
10. Impaciência.

BUSQUE AJUDA
No Brasil, o Centro de Valorização da Vida é uma das instituições que dão apoio emocional e trabalham para prevenir o suicídio. Para pedir ajuda ligue para o número 188 ou acesse o site.

 

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