Como ajudar alguém que pensa em suicídio?
É preciso conhecer a doença e estar atento aos sinais em pessoas próximas
Jade Nunes - 13/12/2017 11h50 | atualizado em 13/12/2017 15h41

Tanto o suicídio quanto a depressão são temas tabus. Mas falar sobre o assunto pode abrir caminho para o tratamento. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos. Isso corresponde a uma morte a cada 40 segundos. Um caso de repercussão mundial recente foi o de Chester Bennington, vocalista da banda Linkin Park. Aos 41 anos e pai de seis filhos, o cantor atentou contra a própria vida. O mesmo aconteceu com Chris Cornell, amigo de Chester e também músico famoso.
Em entrevista ao Pleno.News, o psicólogo Daniel Camaforte esclareceu alguns pontos e foi taxativo ao dizer que é fundamental a procura por ajuda profissional.
– Não são apenas pacientes que apresentam depressão que podem cometer esse ato. A perda repentina de um parente ou alto nível de estresse também são fatores que levam ao suicídio. A pessoa não deve esperar para procurar um especialista – explicou.
Além de problemas na vida pessoal e no trabalho, fatores genéticos influenciam. De acordo com o psicólogo, histórico familiar de doenças psiquiátricas como transtorno alimentar e de personalidade, podem indicar uma maior probabilidade a desenvolver depressão. Já fatores ambientais podem agravar a saúde mental de quem tem tendência à doença.
Muitas vezes as pessoas dão indícios, algo como um pedido de socorro. É importante que parentes e amigos estejam atentos.
– Trata-se de um grave problema de saúde pública; no entanto, os suicídios podem ser evitados em tempo oportuno, com base em evidências e com intervenções de baixo custo – orienta a Organização Pan-Americana da Saúde.
Ainda de acordo com Camaforte, desânimo no trabalho e na hora de fazer obrigações do dia a dia pode ser confundido com preguiça ou desleixo. Mas em um nível alto trata-se de um sinal da doença. Sentir culpa, sem ter um motivo claro para isso, é outro indício comum da patologia. Quem apresenta os sintomas por um mês, ou mais, se encaixa no quadro clínico e não deve hesitar em procurar um psicólogo.
Alguns sinais:
- Alterações significativas nos hábitos ou na personalidade;
- Comportamento agitado, ansioso ou deprimido;
- Queda no rendimento escolar ou trabalho;
- Afastamento das pessoas próximas;
- Perda de interesse nas atividades;
- Descuido com a aparência;
- Ganho ou perda de peso;
- Comentários autodepreciativos, negativos e desesperançosos.

Jovens
Na população brasileira a taxa de suicídio saltou 60% desde 1980. O dado é do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde. Já dentre os jovens com 15 e 29 anos, o suicídio é a segunda principal causa de morte no mundo. O psiquiatra Neury José Botega, da Universidade Estadual de Campinas, explica:
– As tentativas são mais comuns entre os mais jovens, que tendem a usar métodos de menor letalidade. Geralmente estão enfrentando situações de conflito interpessoal e têm menor estabilidade emocional e mais impulsividade.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio 24 horas pelo telefone 141 e pelo cvv.org.br.