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O caminho da restauração

Casais contam o que fizeram para superar a separação e melhorar a relação a dois

Carlos Fernandes - 05/12/2017 10h58 | atualizado em 08/12/2017 10h10

Quando o marido saiu de casa para viver uma aventura extraconjugal, em 2007, Ana Cláudia Ribeiro Dantas ficou sem chão, sem fôlego e praticamente sem esperanças.

– Eu havia depositado meus sonhos naquela relação – conta para o Pleno.News a comerciante, hoje com 45 anos e moradora de Brasília, Distrito Federal.

Na época, Ana e Clóvis tinham cinco anos de casados e o matrimônio entrou em colapso quando ela percebeu que o marido era diferente do homem que havia idealizado. Apesar dos dois anos que passou sozinha, Ana não perdeu a esperança de voltar a ser feliz com o ex-marido. E, quando Clóvis manifestou o interesse em retomar a relação, ela teve de se resolver consigo mesma.

– Foi a maior dificuldade – lembra Ana Cláudia.

O drama da separação conjugal afeta cerca de 350 mil casais por ano, no Brasil. Este dado considera apenas os casamentos registrados em cartório, sem levar em conta o fim de uniões estáveis e relações informais. Em uma década, os divórcios cresceram na ordem de 160% no país.

O advogado Carlos Alberto Nascimento Jr, que atua em Direito de família, aponta uma das causas do problema:

– Muitas pessoas mal se conhecem e já querem viver juntas, com a ideia de que, se não der certo, basta se separar.

Já o psicólogo clínico Adonias de Oliveira Silva afirma que é preciso investimento pesado, a fim de se obter confiança no outro e qualidade e isso é algo que leva tempo.

– O pouco tempo investido na qualidade da relação, a perda de admiração pela pessoa amada e as expectativas inadequadas sobre si e também sobre o próprio relacionamento são empecilhos para uma vida conjugal satisfatória – destaca.

De acordo com o psicólogo, é preciso identificar comportamentos disfuncionais que levaram à ruptura. Adonias também pontua dicas que podem ser de grande ajuda para os casais:

1. Identifiquem os comportamentos disfuncionais que levaram à crise;
2. Relembrem quais foram as motivações e sentimentos que levaram ao casamento;
3. Não hesitem em buscar ajuda profissional, se necessário;
4. Estabeleçam, de maneira consciente, metas mensuráveis para mudanças de comportamento;
5. Priorizem as manifestações de carinho;
6. Abram um canal constante e claro de comunicação;
7. Invistam o possível em atividades e programas que quebrem a rotina.

No caso de Clóvis e Ana Cláudia, foi necessário que ele assumisse um compromisso com a fidelidade. E a ela coube perdoar. Decisão que Ana tomou mais com a cabeça do que com o coração.

– Passamos a conversar abertamente sobre qualquer assunto, mesmo os mais delicados. Só com honestidade um com o outro podemos viver bem – é assim que Ana resume.

Resignação, não
– Em qualquer parceria, principalmente a conjugal, a maior dificuldade é a incapacidade para uma boa comunicação – salienta a psicóloga Esther Carrenho, de São Paulo.

No entender da terapeuta, tem havido mais transparência e sinceridade nas relações de hoje.

– Antes, havia uma resignação, mesmo quando o casamento era apenas de fachada – pontua Esther.

Na verdade, o fundamental é que um dos cônjuges jamais se anule em função do outro. Foi o caso da pedagoga Alessandra, de 41 anos, que viu projetos não realizados em seu casamento com o arquiteto Alexandre Kessler e foi se sentindo incomodada.

– Não ver perspectivas de melhora com o passar do tempo é algo que desestimula qualquer um – reconhece Alessandra – Quando se deixam as coisas, simplesmente, passar, alguém vai sair perdendo.

No caso de Alessandra e Alexandre a solução foi zerar a fatura.

– Decidimos, de maneira consciente, retomar o cuidado, o zelo e o carinho um pelo outro em busca do melhor para nós e nossa filha, Bianca – relembra.

Alessandra, Alexandre e a filha: “Decidimos, conscientemente, retomar o carinho um pelo outro” Foto: Arquivo pessoal

Já incompatibilidades diversas – inclusive, de natureza religiosa – foi o que azedou a relação da professora Katia e do eletricista Maurício Monteiro, há cerca de 20 anos.

– Havia muita imaturidade de minha parte, também – Katia admite.

Na época, eles já tinham uma filha, e se reaproximaram menos de um ano depois.

– A parte mais difícil foi minha família aceitá-lo de volta – relembra Katia.

Segundo ela, a conversão de ambos à fé evangélica foi um facilitador do entendimento. Superada aquela fase, a relação não se limitou a uma simples parceria entre pais.

– Hoje existe mais compreensão, companheirismo e amor – testemunha o casal, que mora no Rio de Janeiro.

Katia sorri e comemora:

– Vivemos muito melhor hoje do que antes.

Para Katia e Maurício, foi preciso enfrentar as incompatibilidades: “Hoje, estamos muito melhor” Foto: Arquivo pessoal

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