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Mãe fala sobre o filho autista: “Cada fase é um novo desafio”

Marcia Mendes diz aprender a viver cada dia de uma vez com o filho Lucca

Rafael Ramos - 05/05/2019 09h00 | atualizado em 09/05/2019 17h31

A secretária executiva Marcia Mendes de Souza, de 35 anos, estava casada há dois anos quando descobriu que estava grávida de seu primeiro filho, Lucca. Apesar da gestação tranquila, a hora do parto apresentou algumas complicações.

– Ele nasceu numa segunda-feira à noite. Eu fui para o quarto e ele ficou na UTI, pois a glicose não estabilizava. Como os médicos já suspeitavam da Síndrome de Down, ele ficou vários dias na UTI para exames complementares. Demorei para pegá-lo nos braços, pois ele estava numa incubadora. Quando o peguei no colo pela primeira vez foi um amor imediato que transbordava meu coração – relatou Marcia ao Pleno.News.

Marcia Mendes e filho Lucca, de 11 anos Foto: Arquivo Pessoal

Além das complicações do pós-parto e da síndrome de Down, Marcia, que mora em Osasco (SP) com a família, teve que se deparar com mais um diagnóstico: Lucca era autista, algo que foi descoberto recentemente quando ela percebeu que o filho era diferente de outras crianças com Síndrome de Down.

– Buscamos um psiquiatra que deu o diagnóstico do espectro autista. No começo me senti perdida, mas fui buscando informações e começou aquela luta de buscar tratamentos, terapias para que ele se desenvolvesse, porque tudo tem que começar desde muito cedo. Hoje, ele está prestes a completar 11 anos e está muito bem. Cada fase vai trazendo novos desafios, mas hoje participo de vários grupos de pais para trocar experiências e isso ajuda muito.

Marcia disse que tem aprendido muito com o filho Foto: Arquivo Pessoal

A fase escolar foi outra preocupação para Marcia Mendes, pois não sabia o que esperava pelo filho. Entretanto, para a surpresa da família, Lucca foi bem recebido pelos colegas de turma. Mas o problema se tornou outro quando o menino precisou mudar de escola: ela teve que lidar com o despreparo do sistema de ensino para a inclusão.

– Meu filho ficou por quase dois anos em uma escola onde não tinha atividades para ele. A escola tinha boa intenção, mas as professoras não tinham como cuidar de 28 alunos e mais um que precisa de atenção especial. Foi frustrante e, por isso, decidimos investir no ensino especial, onde todas as atividades são voltadas e adaptadas para ele. A escola era longe da minha casa e, por um ano e meio, eu o levava todos os dias, esperava lá e voltávamos para casa no fim do dia.

A secretária reclama de já ter recebido muitos olhares de estranheza e de pena, mas, em casa, Lucca sempre pôde contar com o apoio total dos familiares. Marcia lembra da emoção que foi quando a família finalmente conheceu o bebê.

– Cada fase é uma preocupação. Isso me enlouquecia no começo porque eu me antecipava, já pensando no futuro. Tive que aprender a direcionar minha ansiedade e viver um dia e uma conquista de cada vez. As dificuldades são às vezes tão pequenas, como ele conseguir mastigar e engolir os alimentos ou andar. Coisas que são simples, mas, no fundo, trazem angústia aos pais.

“NESSA JORNADA EU MAIS APRENDI DO QUE ENSINEI”
Durante esses 11 anos que vivo com meu filho, o que me motiva a continuar é saber que ele tem todo o potencial do mundo para aprender e se desenvolver o mais próximo possível de uma pessoa que não tem deficiência. Desenvolver outra pessoa dá muito trabalho, mas vi pequenos e grandes progressos que me fazem acreditar que todo trabalho e esforço valem a pena, pois um dia colheremos os frutos.

Eu me tornei uma outra pessoa depois de ser mãe. Nessa jornada de ser mãe especial, eu mais aprendi do que ensinei. Eu amadureci muito e aprendi que não precisa muito para alegrar alguém. Não tem problema ele ser “diferente”. Hoje me sinto privilegiada por conviver com uma pessoa que é só amor e inocência.

“Não desistam! Não desanimem! Não parem de lutar por seus filhos!” Foto: Arquivo Pssoal

Meu recado a todas as mães que têm filhos especiais é: “Não desistam! Não desanimem! Não parem de lutar por seus filhos!”. Ao invés de tentar tanto trazer nossos filhos ao mundo “normal”, experimente você entrar no mundo dele.

Não se importem com os olhares, com os comentários mal intencionados ou até ignorantes. Todo progresso é uma vitória e, se não houver progressos, tem amor e carinho. Isso é o que importa. Eu corro atrás de informação e tratamentos desde muito cedo, mas decidi que, se nada der certo, o que importa é tentar e meu maior desejo é que meu filho seja feliz.

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