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E quando o homem é a vítima em casos de assédio?

Especialistas analisam a situação e pastores relatam casos que eles mesmos vivenciaram

Rafael Ramos - 22/02/2019 10h27 | atualizado em 22/02/2019 18h01

Chris Durán, Felippe Valadão e Thiago Makie falam sobre assédio Arte: Pleno.News

Embora casos de assédio sofridos por homens não ganhem tanta repercussão, como os que acontecem com as mulheres, eles também são vítimas de investidas femininas, seja no âmbito moral ou sexual. Entretanto, as denúncias, muitas vezes, não acontecem, por medo de serem ridicularizados ou até mesmo pela cultura machista.

Entrevistado pelo Pleno.News, o cantor e pastor Chris Durán expôs sua visão a respeito do assunto. Eleito um dos homens mais bonitos do mundo na década de 90, Chris iniciou sua carreira no meio secular, antes de se converter, em 2001. Ele conta que passou por situações de assédio, desde elogios a abraços mais acalorados. Em uma das igrejas que visitou, Chris lembra que uma mulher casada tentou abraçá-lo de forma um pouco desconfortável. Entretanto, ele acredita que a postura do homem faz a diferença nesses casos.

– Quando decidi me posicionar como homem que quer agradar a Deus, minha postura se tornou outra. Quando um homem quer realmente agradar a Deus e manter a sua santidade, ele obviamente não vai se tornar imune aos elogios. Nem todos os elogios fazem bem ao ego de uma pessoa que quer preservar sua santidade – afirma.

Chris Durán e a esposa, Poliane Calderin Foto: Reprodução

Casado há 16 anos com Poliane Calderin, o pastor confessa que tem suas necessidades e limitações. Mas, para manter sua vida em santidade, ele procura preservar seus princípios evitando elogios e abraços, principalmente quando não está na companhia da esposa. Chris Durán faz um paralelo a isso com o texto de João 4, quando Cristo se encontra com a mulher samaritana.

– Um judeu não passava por Samaria quando queria chegar em Jerusalém porque Samaria estava entre a Galileia e Jerusalém. Mas Jesus passou por Samaria para alcançar uma samaritana no poço de Jacó. Mas, nem todos têm chamado e preparação para passar por Samaria, porque para muitos, no poço de Jacó, a samaritana será sua queda. Muitas coisas são lícitas, mas nem toda as coisas convém. Eu tenho que defender a minha santidade.

A psicóloga Márcia Modesto orienta que, nesses casos, o líder religioso precisa ter firmeza, pois está baseado na sua crença, na sua fé, e deve colocar isso claramente para a mulher. Ela ainda aconselha que o tema é algo que precisa ser tratado dentro do ambiente da igreja, como forma de orientar os fiéis.

– É aconselhável que, se isso ficar forte demais, invasivo demais, por que não denunciar? O primeiro passo é lidar com toda a sua bagagem de conhecimento, sua bagagem religiosa, e tentar lidar com isso da maneira mais tranquila possível. Se não for o bastante, denuncie, pois o estímulo para que o inverso aconteça já é bastante comum.

O pastor Felippe Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha em Niterói, no Rio de Janeiro, conta que já foi assediado pela internet através de nudes. Por ser jovem e ter uma forma de trabalhar diferente, ele busca se proteger de escândalos e mentiras. Felippe acredita que a melhor forma de se blindar contra tentativas de assédio é deixando claro qual a sua postura.

– Um comentário, uma piadinha, uma brincadeira, principalmente no Instagram, que é uma ferramenta que uso muito. Mas, toda vez que percebo uma aproximação mais intencional, eu corto ou bloqueio a pessoa. A melhor forma de lidar é deixando minha esposa saber o que está acontecendo. Eu mostro para a Mariana para me proteger e deixar uma transparência lá em casa.

O pastor Felippe Valadão conta que já recebeu nudes pelo celular Foto: Reprodução

Para o cantor Thiago Makie, que é evangelista pelo Centro Apostólico Manancial, o assédio faz parte do cotidiano de qualquer pessoa pública e é preciso ser tratado como uma enfermidade da carne. Apesar de já ter sido assediado várias vezes, ele entende que é necessário enfrentar as fraquezas dessas pessoas.

– Todos que procuram ajuda na igreja são pessoas que estão doentes espiritualmente e/ou fisicamente. Mas eu prefiro manter esses incidentes sem comentar. Fico somente na oração e tratando essas almas como se deve. Com aconselhamento dos meus pastores, oração e buscando discernimento de Deus. O inimigo não dorme e faz de tudo para derrubar quem escolhe exercer uma função eclesiástica. Temos por obrigação estar preparados para todo tipo de bombardeio – finaliza.

Thiago Makie entende que o assediador precisa ser tratado Foto: Pleno.News

O advogado criminalista Carlos Fernando Maggiolo aponta que estudos sobre esse tema ainda são recentes. Ele caracteriza o assédio sexual contra homens como “um fenômeno social que vem sendo detectado ao longo das últimas décadas como consequência do empoderamento feminino na evolução da sociedade”.

Maggiolo destaca uma pesquisa publicada pela Universidade de Lancaster, no Reino Unido. Em julho de 2017, a instituição entrevistou 200 homens pela internet. Dentre eles, 154 contaram já ter sido, ao menos uma vez, coagidos por uma mulher a fazer sexo. A idade média da vítima quando sofreu a violência foi de 27 anos, mas a pesquisa também apontou incidentes entre 2 e 61 anos de idade. Já um estudo da Universidade de Lisboa revelou que 52% das mulheres demonstram, imediatamente, a sua indignação com a situação apresentada, enquanto apenas 31% dos homens ficam indignados.

– Acontece que a maioria dos homens leva a coisa na brincadeira e faz de conta que não perceberam o que está ocorrendo. A situação constrangedora nem sempre é denunciada e, por esta razão, não há estatísticas que representem a frequência com que esses abusos acontecem. Entretanto, os relatos levam a crer que o fato ocorre com certa constância e, diferente do que muitos imaginam, nem sempre as vítimas são mulheres – afirma o advogado.

Segundo Maggiolo, existem consequências desse assédio. Afinal, 20,9% dos participantes da pesquisa feita no Reino Unido sofreram ou sofrem impactos emocionais negativos muito graves devido à experiência.

– As consequências que o assédio sexual deixa na mente das vítimas são extremamente graves, causando sofrimento intenso. Há casos que interferem imediatamente no seu comportamento sexual, inibindo o indivíduo, que se fecha como proteção natural do ser humano. Sensação de solidão, insônia, tristeza profunda, crise de choro e desânimo podem ser diagnosticados como consequência de assédio sexual. Em casos mais sérios, vislumbramos até mesmo atos mais desesperados, como o suicídio. O acompanhamento psicológico, com um profissional qualificado para tanto, faz-se mister para superar esses sofrimentos.

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