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Crudivorismo: A dieta de quem só come alimentos crus

De acordo com os adeptos, o aquecimento da comida causa a perda de nutrientes e a formação de toxinas

Gabriela Doria - 21/02/2018 20h25 | atualizado em 22/02/2018 10h50

Uma nova tendência de alimentação está ganhando força entre os adeptos de um estilo de vida saudável. Considerado uma evolução do veganismo/vegetarianismo, o crudivorismo prega, basicamente, uma alimentação baseada em comida crua, ou seja, em seu estado natural. Popularmente conhecido como “alimentação viva”, os crudívoros restringem o cardápio a frutas, verduras, legumes, sementes e alguns grãos germinados.

O crudivorismo prega uma alimentação baseada na comida crua e em seu estado natural Foto: Pixabay

O que soa estranho para pessoas com hábitos alimentares tradicionais, na verdade, tem fundamentos científicos que sustentam o estilo. Em entrevista ao Pleno.News, o nutricionista naturalista Eduardo Corassa, adepto do crudivorismo há 11 anos e um dos precursores do movimento no Brasil, explicou que a alimentação crua é necessária porque o cozimento da comida é prejudicial à saúde.

– Todo animal vive de comida crua. Dados científicos já mostram que o cozimento pode ser algo patogênico, ou seja, pode ocasionar doenças. O aquecimento causa a desnaturação de proteínas, o que significa que elas perdem sua capacidade biológica, além de formar toxinas que prejudicam o organismo e estão relacionadas a inúmeras doenças, principalmente as crônicas – defendeu o nutricionista.

Corassa, que é autor de seis livros sobre o assunto, também garante que os benefícios da alimentação crua vão muito além do emagrecimento. Segundo ele, todos os crudívoros relatam sensação de bem-estar e aumento na produtividade.

– De início, as pessoas costumam relatar uma maior clareza mental, por causa da melhora na circulação sanguínea. Elas também sentem mais energia e menos peso após a digestão. Por causa da riqueza de água nas frutas e nos vegetais, as pessoas também sentem menos necessidade de ingerir água. Num nível bioquímico, chega a ser inacreditável. Em poucos dias, elas se sentem muito melhor, porque os níveis de dopamina e serotonina são maiores. Além, é claro, dos biomarcadores, como o colesterol, alcançarem níveis mais saudáveis – pontuou Corassa.

O nutricionista também destacou a praticidade na rotina e a economia financeira do crudivorismo.

– Você não perde horas cozinhando e a louça é praticamente inexistente. Acaba saindo mais barato porque não há gasto com plano de saúde, com remédios, nem com comida cara. Basta comprar caixas de frutas. E você tem o benefício de comer quilos de comida durante o dia e ainda ficar magro, pois frutas e vegetais têm poucas calorias e você precisa comer uma quantidade muito maior – garantiu o nutricionista.

Corassa também desmente o mito de que a alimentação crudívora causaria a deficiência de proteínas e nutrientes, uma vez que as carnes, por exemplo, são popularmente conhecidas como fonte de proteínas.

– Na verdade, é ao contrário. Pessoas que queimam seus alimentos e ainda consomem comidas não adaptadas à sua espécie, como a carne, é que são menos nutridas do que as crudívoras. Aquecer causa a perda de nutrientes e forma substâncias que o corpo não tem como digerir apropriadamente. A questão da nutrição é a quantidade ideal, nem pouco e nem excesso de nutrientes. A banana, assim como a carne, também tem proteínas. Mas a carne é deficiente em minerais, vitaminas, fibras e água e rica em gorduras das quais nós quase não temos necessidade.

Crudívoro há 11 anos, o nutricionista ressalta que, para mudar de hábito, é preciso buscar orientação profissional e, acima de tudo, estudar o assunto.

– Educação e acompanhamento profissional são fundamentais. Se não estivéssemos longe da natureza, nós veríamos que comer devidamente é a ordem natural das coisas, assim como os primatas, com quem dividimos mais de 99% do DNA. Por causa disso, nós temos que ensinar de forma didática, sobretudo para as crianças. É importante procurar livros e materiais sobre o assunto, mas principalmente a orientação de um médico e um nutricionista, que vão acompanhar a evolução da dieta.

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