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"Crianças não vêm com um manual de instrução acoplado a elas", disse a psicóloga Marisa Lobo em livro sobre o assunto

Rafael Ramos - 10/10/2019 10h19

Limites são importantes na formação do indivíduo Foto: Reprodução

O texto bíblico de Provérbios 22.6 discorre sobre a importância de instruir a criança no caminho em que deve andar e, nessa instrução, o saber impor limites se faz necessário. São vários os pontos da vida da criança onde o limite é necessário como, por exemplo, no acesso à internet e ao celular.

Em seu novo ebook – Limites – lançado pela MK Books, a psicóloga Marisa Lobo destaca que “crianças não vêm com um manual de instrução acoplado a elas, mas já nascem com traços de caráter, gênios, traços de personalidade que serão moldados pela vida ou pelas primeiras relações saudáveis com os pais e sua família”. Dessa forma, ela versa sobre a responsabilidade de ajudá-las a superar e elaborar suas experiências.

– É de responsabilidade da família a formação da criança na chamada primeira infância. As crianças esperam ser lidas pelos pais para que, depois, consigam ler o mundo à sua volta e dentro de si. O período que vai da segunda metade da gravidez aos dois anos da criança é precioso e indispensável. É nesse período, pela coerência e pela constância com que as crianças são estimuladas, que se forma uma rede nervosa que faz com que a mãe e o pai sejam os grandes responsáveis pelo “software” que as crianças dispõem para toda a vida – cita um trecho do livro.

Em um mundo cada vez mais conectado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um comunicado que orienta que crianças abaixo de 1 ano não devem ter contato com telas digitais, seja por celular, tablet ou televisão. Já as de 2 a 4 anos devem ficar, no máximo, por 1 hora.

A psicopedagoga Débora Luz orienta que a imposição de limites deve acontecer de forma coerente. É preciso estabelecer rotinas e limites em todas as situações. De acordo com Débora, quando a rotina e limites ficam claros e bem estabelecidos é mais fácil que a criança ou adolescente cumpra e obedeça.

– O limite deve sempre ser colocado quanto ao tempo de uso e aos tipos de acesso. Considerando que crianças têm seus afazeres domésticos e tarefas escolares, faz-se necessário garantir que todos os seus afazeres sejam cumpridos e por fim, como uma bonificação e lazer, o celular pode ser liberado. Mas nunca esquecer de que o limite de tempo deve ser estabelecido também e sempre de forma supervisionada, pois a criança não tem ainda o discernimento para distinguir o que é saudável e o que é maléfico para ela. Uma estratégia visual e super funcional para as crianças são as tabelas de rotina e afazeres, pois ali estarão descritas todas as tarefas e rotinas do dia-a-dia, de forma que a criança visualize e cumpra com seus afazeres. Sendo assim, o tempo dela é utilizado de forma mais saudável, sobrando pouco tempo para o mundo virtual – sugeriu Débora ao Pleno.News.

A neuropsicóloga Tammy Marchiori reforça que o impor limites nunca deve se resumir a proibição, mas deve haver uma conversa para buscar entender, por exemplo, porque é importante utilizar a tecnologia e qualquer outra coisa com moderação. Em algumas famílias, regras de uso da tecnologia são úteis.

– Tudo o que perde o equilíbrio é prejudicial. Então, se a pessoa deixa de fazer outras coisas ou baseia a maior parte da sua vida na tecnologia, isso será prejudicial. Devemos sempre prezar pelo bem estar e proteção das crianças. É importante conhecer o mundo do seu filho e mais do que isso, sempre manter um canal de comunicação aberto, de confiança e sem julgamentos.

O educador Roberto Pupim Dalpino, que é fundador da Dalpino Educacional, afirma que a partir do momento em que não há um controle, a situação mostra um problema na relação entre pais e filhos. Além disso, é importante que os pais saibam o tipo de conteúdo que os filhos estão acessando, pois nem tudo é apropriado para todas as idades.

– Quando o assunto é celular ou qualquer outro aparelho eletrônico, como os videogames, a melhor maneira de impor limites é estipular horários específicos para o uso. A recreação é importante, mas tem hora para tudo. Não é ideal ficar mexendo no celular antes de dormir, por exemplo. Além de atrapalhar o sono, a luz artificial desses aparelhos é prejudicial à saúde. As redes sociais são uma distração e nem sempre são úteis. Se não tiver controle pode-se perder muito tempo na internet.

ATENÇÃO ÀS AMIZADES
E não é só com o mundo virtual que os pais devem estar atentos. É importante que os responsáveis conheçam os amigos de seus filhos e suas famílias, visto que crianças e adolescentes são muito influenciáveis pelo meio e pelas pessoas que os cercam.

– Os pais devem conhecer muito bem os amigos dos filhos, buscando saber como é a família, quais são seus valores, quais são seus limites e como procedem quanto a educação dos filhos. Os limites e valores familiares devem ser bem claros para a criança para que ela saiba que a atitude que foge àquelas que ela conhece não são aceitáveis. Os pais precisam sempre estar ensinando esses valores, mostrando com suas atitudes e orientando de forma verbal. Lembrando que a melhor forma de ensinar é sempre pelo bom exemplo – orientou a psicopedagoga Débora Luz.

Tammy Marchiori alerta que os filhos podem esconder amigos e situações dos pais. Por isso, é de extrema importância que eles confiem e sintam-se apoiados dentro da estrutura familiar.

– Os pais devem sempre conversar sobre isso tentando mostrar o que determinada amizade acarretará. E lembrando: seu filho também não é perfeito e pode precisar de ajuda como qualquer outra criança e adolescente. Pessoas não são maçãs podres. Devemos criar um ambiente saudável e de comunicação com nossos filhos. A base é em casa – disse a neuropsicóloga.

A importância dos filhos se sentirem acolhidos também é ressaltado pelo educador Roberto Dalpino. Em sua opinião, “a facilidade de criar uma amizade é alta, mas precisamos ter cuidado”.

– No mundo de hoje, estamos sempre conectados a diversas pessoas e, por isso, é super válido e importante os pais conhecerem os amigos de seus filhos. É uma forma de ficarem mais “tranquilos”. Muitas vezes, os filhos não entendem as consequências de uma amizade. Para isso, os pais podem ajudar auxiliando e guiando seus filhos. É muito importante ter essa aproximação e liberdade entre ambas as partes – concluiu.

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