Ney Pereira - 28/11/2017 10h20

“Quando Alice chega a uma bifurcação, encontra um gato encarapitado numa árvore e lhe indaga: ‘Você poderia me dizer que caminho sigo a partir daqui?’ O enigmático felino responde: ‘Isso depende muito de onde você quer ir’. Ela exprime sua indecisão: ‘Não me importo muito com isso’. O gato emite uma sábia opinião: ‘Então, qualquer caminho é válido’.” (Alice no País das Maravilhas – Lewis Carroll)

É importante que você, ao se propor ao fazer uma apresentação em público, defina o que quer com ela, defina sua real intenção.

Por exemplo, quando o seu superior pede que você apresente o setor aos novos sócios, não deixe que ele saia da sala sem que antes obtenha algumas informações fundamentais para a elaboração de sua tarefa. No ambiente corporativo, muitas vezes ações são mal desempenhadas ou implementadas com atraso porque há falta de comunicação: o superior não explica exatamente o que quer e o funcionário também não pergunta.

Portanto, o primeiro passo a pôr em prática é: tenha um objetivo bem definido em sua mente.

Certa vez, fui ministrar um treinamento para um CEO (presidente) de uma empresa multinacional. Ele havia sido convocado a fazer uma apresentação sobre os resultados e as estratégias da empresa no mercado brasileiro. A primeira coisa que pedi foi que ele fizesse uma apresentação conforme imaginava.

Após dez minutos de um enfadonho “blá-blá-blá” de números, eu o interrompi e perguntei:
“Qual é o seu objetivo ao fazer esta apresentação?”

Ele respondeu: “Mostrar os resultados da empresa…”

Como havia ficado em silêncio, perguntei novamente: “Qual é o ‘seu’ objetivo ao fazer esta apresentação?”

A resposta se repetiu e fiz a pergunta mais duas vezes até que ele se irritasse.

“Então diga você qual é o meu objetivo ao fazer esta apresentação!” – esbravejou irritadamente.

“Seu objetivo é vender uma imagem positiva a seu respeito e sobre a sua gestão para que, ao final, você seja cotado a CEO da América Latina!” – ressaltei.

Constrangido, ele disse: “Você tem razão. Como descobriu?”

Devemos ser sinceros conosco ao elaborar um objetivo. Se este não estiver claro ou estiver camuflado em motivos que possam ser divulgados, os “politicamente corretos”, corre-se um grande risco de se desviar do curso da apresentação e, é lógico, não se alcançar objetivo algum.

O objetivo deve ser sempre seu (ou da empresa que representa), com base no princípio de que este se aplique ao público e à situação. Não custa nada repetir também que ele deve estar sempre respaldado por princípios éticos e legais. Outro detalhe importante é que há situações em que os objetivos não devem ou não precisam ser divulgados. Existe o chamado objetivo oculto, que é seu e só interessa a você.

Ney Pereira é especialista em Marketing e Neurociência Pedagógica. Palestrante, professor e escritor. Coach de professores, executivos, CEOs e palestrantes, e consultor corporativo na área de Apresentações Empresariais, Andragogia e Comunicação Interpessoal. Autor do Programa Professor Nota 10 – EaD – Curso de Capacitação em Comunicação de Professores.