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Viagens e muitas histórias – Região de Champagne, França

À medida que caminhávamos, ele ia explicando a que período da história geológica pertenciam

Milton Assumpção - 15/09/2017 10h30

Viagens e muitas histórias na região de Champagne, França / Foto: Divulgação

Degustação de champagne com arqueologia

Se você pretender visitar as regiões de produção do champagne, na França, minha recomendação é ir a Épernay, Troyes ou Reims. Épernay fica muito próximo de Reims e a 100km de Troyes.

Reims é a cidade maior, onde estão localizadas a Taittinger, Veuve Clicquot, Martell e outras. Possui um centro comercial intenso com hotéis, lojas e restaurantes. A grande atração é a Catedral de Notre-Dame onde foram coroados todos os reis da França.

Em Épernay, na Avenue de Champagne, estão localizadas várias produtoras, entre elas Möet & Chandon, Mercier. Perrier Jouet, De Castellane. É uma cidade muita pequena, com várias opções de degustações.

Muito próximo está a cidadezinha de Hautvillers, onde viveu e está enterrado o lendário Dom Pérignon. À sua volta, várias vilas e pequenas cidades com diversos produtores, entre elas a charmosa Oger, que produz um champagne de alta qualidade e sempre vencedores de prêmios.

Avenue de Champagne / Túmulo de Dom Perignon in Hautvillers / Foto: Milton Assumpção

Troyes é a capital oficial da região de Champagne. Foi até o século XIX, a mais importante cidade produtora do champagne quando os grandes produtores se instalaram em Épernay.

Lá estão os produtores pequenos e familiares centenários. É uma cidade belíssima banhada pelo rio Sena.

Centro de Troyes / Foto: Milton Assumpção

Na última viagem, conheci um lugar incrível, e que recomendo fortemente que visitem. A indicação foi de uma atendente no Escritório de Turismo, que fica logo no início da Avenue de Champagne.

La Cave aux Coquillages é a produtora do champagne Legrand Latour.

Fica na pequena vila de Fleury-la-Rivière a vinte minutos de Épernay. Saindo de carro em direção a Paris pela D3, cinco quilômetros depois há uma indicação para a vila de Damery. Passe por dentro dela, atravesse o rio Marne, e alguns poucos quilômetros se chega a Fleury-la-Rivière. É uma pequena vila de uma só rua, e a La Cave aux Coquillages fica quase no fim dessa rua. Muito fácil de chegar.

A indicação e a reserva para as 14h30 foram feitas pela assistente no Escritório de Turismo, que explicou que eram poucos tours, com número limitado de pessoas. Ela nos deu um mapa e indicou a direção. Chegamos ao local 15 minutos antes. Era uma residência antiga, encostada em um morro, onde estavam os vinhedos. Tocamos a campainha do portão e veio atender o proprietário, um senhor de meia-idade, magro, alto e muito simpático. Levou-nos até um salão, que percebi que era da degustação, e lá estavam outro casal e duas crianças de cerca de 7 anos de idade, que iriam no tour conosco. No horário certo, às 14h30 nos deu um protetor de plástico para os sapatos, e iniciamos o tour.

Túnel de Fósseis / Museu de Fósseis / Foto: Milton Assumpção

Abriu uma grande porta e apareceu um túnel escavado por dentro do morro, no qual nós entramos.

Encravados nas paredes do túnel foram aparecendo fósseis, caramujos de todos os tamanhos, peixes, milhares de conchas. À medida que caminhávamos, ele ia explicando a que período da história geológica pertenciam. Chegamos a um pequeno museu onde havia uma exposição dos diversos fósseis já catalogados e separados por ordem dos períodos geológicos.

Pesquisando Fósseis / Foto: Milton Assumpção

Caminhamos pelos túneis até um lugar onde estavam dois jovens estudantes de arqueologia, coletando material do solo. Ele então pegou uma pequena pá, raspou do chão uma quantidade de uma terra arenosa, peneirou e mostrou uma quantidade grande de pequenas conchas.

“Aqui há 55 milhões de anos era mar!”. Seguimos e entramos em um laboratório onde havia mais três estudantes limpando e selecionando os fósseis. Ele se sentou e mostrou como os fósseis eram identificados e selecionados.

Com o arqueólogo, vinicultor / Catalogando fósseis / Foto: Milton Assumpção

De lá, fomos para o salão de degustação. Ele explicou que era apaixonado por arqueologia e que aliava esse trabalho com o prazer de produzir champagne. As raízes do seu vinhedo descem mais de nove metros e atingem esse terreno arenoso, com fósseis marinhos, e trazem nutrientes especiais para as uvas, que, por sua vez, dão um sabor todo especial para o champagne. Difícil descrever o sabor, mesmo porque a gente fica contagiado pelo que viu no tour. Posso garantir que é diferente dos outros que degustei. Trouxe duas garrafas. O lugar é utilizado para práticas de estudantes de arqueologia. É um passeio de três horas, mas que vale muito a pena.

Champagne Legrand Latour / Salão de degustação / Foto: Milton Assumpção

A maioria das visitas é feita às caves e à degustação, esta visita envolve arqueologia.


Milton Assumpção é economista, administrador de empresas e palestrante. Empreendedor por natureza, atua como CEO da M.Books. Autor de cinco livros, sempre gostou de viajar e conhecer diversas culturas.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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