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Nossa melhor companhia

Quem é a pessoa para quem você conta seus problemas?

Elaine Cruz - 27/07/2017 07h00

Nossa melhor companhia / Foto: Pixabay

Nossa melhor companhia

Por mais tímido ou reservado que você seja, já parou para pensar quem é a pessoa para quem você conta suas melhores aventuras? Com quem você mais conversa ou com qual pessoa você mais ri?

Quem é a pessoa para quem você conta seus problemas? Com quem você mais chora? Qual é o amigo mais antigo que você tem?

Algumas pessoas podem enumerar vários nomes, e você pode até ter resumido sua lista a uma ou duas pessoas. Mas, a alguma dessas perguntas, você respondeu seu próprio nome? Afinal, nós somos nossos mais velhos conhecidos. Há histórias sobre você que ninguém conhece – mas você conhece.

Quantas vezes recontou aventuras e desventuras a você mesmo, já que as pessoas à sua volta se cansaram de ouvi-las? Ou se pegou rindo sozinho? Chorando na frente do espelho? Conversando com você em voz alta?

Nossos melhores e piores pensamentos e momentos são vivenciados por nós mesmos: contamos a mesma história a nós mesmos milhares de vezes, em fases diferentes da vida, e muitas vezes com aplicações e visões diferenciadas. O “eu” é o companheiro da nossa existência. Risos silenciosos, vergonha, choros ocultos e emoções particulares fazem parte da nossa história.

Nascemos precisando de outros que nos adjetivam e repassam valores e conceitos que formam nossa estima, nossa imagem e intelecto. O que os outros fazem e falam são importantes para a construção do nosso “eu”, do nosso universo particular. Com o tempo vamos percebendo que nossa existência também afeta outras pessoas – o choro pode nos trazer um colo quentinho, nosso sorriso provoca empatia e nossas ações geram reações positivas ou negativas em quem nos cerca.

Entretanto, por mais que sejamos cônscios das respostas e influências que causamos nos outros, muitas vezes nossa preocupação com o que o outro pensa, quer, faz ou pensa a nosso respeito nos domina. Há pessoas que se vestem para os outros, que passam a vida acompanhando a vida dos outros, perdendo as suas próprias oportunidades de viver melhor: por mais que se esforce, parece que a grama do vizinho é sempre mais verde.

Aprender a conviver com os outros é sempre um problema a ser solucionado. Requer sabedoria e discernimento, que só alcançamos plenamente com a ajuda de Deus. Mas aprender a conviver com o nosso “eu”, com o nosso mundo solitário e íntimo, do qual temos a única chave – depois de Deus, que nos conhece melhor do que nos mesmos – é um desafio permanente.

Precisamos aprender a nos voltar mais para nós mesmos. Valorizar nossos conquistas e acertos. E organizar nosso mundo particular, especialmente nossas emoções e pensamentos, já que teremos que conviver conosco sempre.

O que você anda fazendo com você? Com sua saúde? O que você anda pensando que o torna tão triste? Que sentimentos precisa tratar? Por que não se perdoa? Quanto tempo perde brigando com você, se diminuindo, em vez de tomar atitudes que o tornem melhor?

Por melhor que seja seu casamento ou seu círculo de amigos, sempre teremos muitos momentos solitários. Nossas decisões e suas consequências são particulares, nossa salvação é individual, nossos pensamentos e sentimentos são nossos até os partilharmos. Portanto, aprenda a conviver com você, gere pensamentos bons, sentimentos que o orgulhem, ações que lhe tragam afetos e bens louváveis.

E lembre-se que haverá sempre em você um espaço que só poderá ser ocupado por Deus. Só ele pode preencher nosso eu, fazendo com que nossa vida interior solitária seja frutífera e acompanhada. Sim, com Deus, mesmo nos momentos solitários, não estaremos sozinhos.

Assim sendo, por mais tímido ou reservado que você seja, que possa contar a Deus suas melhores aventuras. Que seja com Deus suas melhores conversas e risos. Que você possa partilhar com ele suas lágrimas e problemas, e que Ele seja, de longe, seu amigo mais íntimo.


Elaine Cruz é psicóloga clínica e escolar, com especialização em Terapia Familiar, Dificuldades de Aprendizagem e Psicomotricidade. É mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense, professora universitária e possui vários trabalhos publicados e apresentados em congressos no Brasil e no exterior. É mestre em Teologia pelo Bethel Bible College (EUA) e membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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