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“A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo?”. I Reis 3:9

Daniel Camaforte - 18/10/2017 11h15

Salomão, prestes a assumir o trono de ninguém menos que Davi, pediu um coração entendido para julgar o povo.

O conceito do que seja bom ou mal sempre varia de acordo com a perspectiva de quem lê e interpreta a realidade. Todos nós usamos determinados “óculos” internos com os quais enxergamos as coisas e as pessoas. Não há, pois, a priori, um juízo absolutamente puro ou descontaminado. Somos a soma das nossas vivências e formação; somos o que cremos, somos a nossa própria história. Nos tornamos juízes fáceis dos outros: pela roupa, por determinados comportamentos, estilo musical ou posturas que não cabem na nossa forma de conceber a vida. E, não poucas vezes, caímos no erro do preconceito e da irracionalidade.

Isso acontece de forma bem sutil. Não raras vezes, julgamos inadequadas determinadas formas de se vestir, de falar e prejulgamos a pessoa como “o livro pela capa”. Talvez, seja o medo do diferente e o sentimento de inadequação frente a uma figura dissonante das nossas categorias do que seja normal que nos desestruturem. Há um desenvolvimento inconsciente de uma microética que não consegue fazer leituras mais profundas num extremo e no outro, um eixo em que julga tudo como normal e aceitável do outro, especialmente no plano das ideias e da teologia. A alienação passa pela ideia de se atribuir naturalidade aos fatos sociais.

Ora, queridos, não é assim… As coisas vão se constituindo de forma sorrateira, lenta e, não poucas vezes, vorazes e programadas, orquestradas. Por isso, precisamos fazer humildemente a oração de Salomão, que prestes a assumir o trono de ninguém menos que Davi, pede um coração entendido para julgar o povo, discernindo entre o bem e o mal. Nestes dias difíceis onde o bem e o mal se misturam numa nuvem quase que impenetrável, que assim nos ajude Deus a perceber com clareza a bondade genuína e gratuita das boas ações e a malignidade diabólica dos cordeiros em pele de lobo, sem julgar o outro, pela capa.

A primeira impressão, pode ser apenas uma impressão, uma imprecisão. Já o discernimento dos olhos do coração, é questão de sobrevivência. Disto nos falava o apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios, capítulo 1, verso 18:

“Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos”.

Esse discernimento é a ação do Espírito Santo nos processos cognitivos (do pensamento) e das emoções/sentimentos. Pensamentos e sentimentos fazem uma junção que, por vezes, impedem o conhecimento ou embotam a verdade. Precisamos, nestes dias, de uma visão para além da pobre percepção humana. Que Deus nos ajude pelo Seu espírito a conhecer todas essas coisas.

Daniel Camaforte é psicólogo clínico, terapeuta cognitivo comportamental, escritor, palestrante e conferencista internacional, especializado em dependência química pelo PUC-Rio com extensão em Neurociências pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ. Dirige o CCH – Centro de Cuidado Humano.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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