Turismo 2021: Como serão as viagens no novo normal?
Setor sofrerá mudanças tanto nos prestadores de serviços, quanto no comportamento dos viajantes
Monique Mello - 04/01/2021 14h50 | atualizado em 04/01/2021 16h41
Tudo indica que o chamado “novo normal” veio para ficar. Seja para ir ao supermercado, a reuniões de trabalho, a confraternizações e para viajar.
Embarcar em novas viagens exigirá alguns cuidados que não eram lembrados pela maioria das pessoas antes de a pandemia virar o mundo de cabeça para baixo. O Pleno.News conversou com a Juliana Queissada, especialista em turismo e CEO da Queissada Comunicação, para entender qual é futuro do turismo e o que já é uma realidade.
Qual será a maior transformação no turismo no “novo normal”?
Tanto as redes hoteleiras quanto o nicho de A&B (Alimentos e Bebidas) que atendem aos turistas já estão tendo que se adaptar ao novo normal. Atender sem ter o contato próximo ao turista é um desafio. É necessário investir ainda mais em tecnologia. A maior transformação será sistêmica no tecido social/turístico.
Será necessário ter apps de comunicação para conseguir atender com qualidade aos hóspedes, ter cardápio via QR Code etc, além de muito treinamento. O ano de 2021 será de capacitação, porque será o ano em que conseguiremos avaliar como o consumo turístico vem mudando desde a pandemia e em que podemos melhorar os profissionais de turismo para esse novo normal.
Você acredita que a experiência do turista com a pandemia vai mudar a forma como ele escolhe os destinos?
Sim! Há estudos que já mostram a tendência das viagens para locais próximos à moradia dos indivíduos e a opção deles pelo transporte individual, em detrimento do coletivo (ônibus e/ou aviões). Até o planeta estar vacinado, os destinos próximos à cidade natal [das pessoas] ganham força. O que é positivo para o turismo nacional.
Há estudos que já mostram a tendência das viagens para locais próximos à moradia dos indivíduos
Os excessos de cuidados que precisam ser tomados, fora os que já sempre foram necessários, pode tirar a “naturalidade” das viagens?
Não. Acredito em uma adaptabilidade. Somos seres adaptáveis e únicos. A naturalidade não será perdida só porque temos mais segurança na conduta em viagens.
Quais as iniciativas das companhias? Já estão adotando?
As companhias aéreas estão distribuindo álcool em gel e tiraram o serviço de bordo. Apenas água é servida se solicitada, e os snacks só são oferecidos aos passageiros na saída da aeronave, na conclusão do voo.
As tripulações precisarão de novos treinamentos?
Sim! Como eu havia dito, 2021 será o ano dos treinamentos. Vamos avaliar o ano que passou, as novas formas de consumo, e ministrar treinamentos, a fim de resolver os “gaps” (divergências que ocorrem dentro de uma empresa e entre a empresa e o cliente).
Os pacotes em agências podem sofrer aumento?
Não acredito em uma tendência de aumento. O consumo está voltando aos poucos no turismo, assim como em outros segmentos. Todos os nichos estão se readaptando e não é aumentando tarifas que conquistaremos novos clientes. Isso é válido no turismo ou em agências de comunicação.
Na Queissada Comunicação, por exemplo, concedemos descontos nos pacotes de comunicação justamente por conta da crise econômica. Temos que nos ajudar neste momento, e não aumentar preços.
Outras mudanças já percebidas e colocadas em prática pelos viajantes:
BAGAGEM MAIS ENXUTA
O risco de ter a bagagem extraviada faz com que muitos escolham malas que não precisem ser despachadas. Agora, com o cenário da pandemia, uma mochila mais compacta, que não será despachada e, desta forma, entrará em contato com menos gente, tende a fazer parte do planejamento de viagem.
DISTANCIAMENTO SOCIAL (E NATURAL)
Defendido por autoridades de saúde, o distanciamento social tem tudo para se tornar um hábito para os que temem a Covid-19. Muitos em viagem estão tentado sentar-se longe de outras pessoas quando vão a restaurantes, por exemplo, por mais que não haja essa recomendação na cidade.
AGLOMERAÇÕES NO AEROPORTO
Cenários de muitas chegadas e partidas, aeroportos podem encarar uma nova dinâmica em um futuro próximo; uma dinâmica sem grandes despedidas ou comitês de boas-vindas para quem vai ou volta.
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