Post do Senado não vê redução de homicídios com “bons olhos”
Número reduziu 30% em cinco anos
Monique Mello - 27/03/2022 16h01 | atualizado em 28/03/2022 11h31

Um artigo publicado pelo Senado Federal nesta sexta-feira (25) chamou a atenção de internautas, virando alvo de críticas. Na tentativa de enumerar fatores que contribuíram para a diminuição no número de homicídios no país, o texto sugere que tal fenômeno pode gerar “falsa sensação de segurança”.
O artigo tem como base os números divulgados pelo Monitor da Violência, um levantamento feito pelo site de notícias G1, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) a partir de dados oficiais de todos os estados.
De acordo com o levantamento, no ano passado, o país registrou 41 mil mortes violentas, cifra 7% mais baixa que a de 2020 (quando houve 44 mil homicídios) e 30% inferior à de 2017 (quando se contabilizou o recorde de 59 mil homicídios).
Em um longo texto, especialistas em segurança pública refutam falas do presidente Jair Bolsonaro acerca da relação das estatísticas com o armamento da população.
Logo após a divulgação do Monitor da Violência, o presidente Jair Bolsonaro atribuiu a diminuição dos assassinatos aos seus decretos que facilitaram o acesso da população civil às armas de fogo. Apenas no grupo dos caçadores, atiradores e colecionadores, o total de armas registradas saltou de 255 mil em 2018 (antes do governo Bolsonaro) para 1,1 milhão em 2021.
– Vocês viram que o número de homicídios por arma de fogo caiu ao menor número histórico, né? A imprensa não fala que, [após] a liberação das armas para o pessoal de bem, o cara [criminoso] pensa duas vezes antes de fazer uma besteira. Se [o número de homicídios] tivesse aumentado, quem era o culpado? Não precisa dizer – disse o presidente em conversa com apoiadores à porta do Palácio da Alvorada, em Brasília.
O especialistas que contribuíram para o artigo disseram que a interpretação do presidente da República é falaciosa. De acordo com eles, o fato de os dois fenômenos (a disseminação das armas de fogo e a diminuição dos assassinatos) ocorrerem ao mesmo tempo não significa que um é necessariamente a causa do outro.
– Ao contrário, os estudos científicos mostram que a maior disponibilidade de armas de fogo no mercado leva ao aumento das mortes violentas. Os suicídios crescem, a violência doméstica dispara, há acidentes em casa envolvendo crianças, a briga de bar ou de trânsito termina em fatalidade, a arma do cidadão muitas vezes vai parar na mão do crime organizado – afirma Tiago Ivo Odon, consultor legislativo do Senado na área de direito penal.
A partir daí, os especialistas enumeram uma série de razões que realmente teriam influência na diminuição de homicídios, como, a “profissionalização do crime”
– Especialistas??? Sendo assim, se o número triplicasse, geraria uma sensação enganosa de INSEGURANÇA? Ou até, quem sabe estivéssemos mais seguros? Não sei aonde “fabricam” esses especialistas, mas imagino o que eles fumam – ironizou o deputado federal Delegado Felício Laterça (PSL-RJ).
– Só se for para os bandidos, que, antes, podiam aprontar o que bem entendessem com a certeza da impunidade! – disse um internauta.
– Governo fortalecendo a segurança pública e os índices melhorando, sobrou pra eles criarem essas narrativas [kkkkk] – apontou outro internauta, juntando-se aos mais de três mil comentários na publicação.
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